terça-feira, 8 de setembro de 2015

0

Pequenas histórias 161

Atravessou a avenida.


Atravessou a avenida. Ao pisar no asfalto foi dominado pela grandeza da arquitetura dos veículos parados pela força da cor. Olhou a direita. Ausência de vidas, vazio de alma na busca de alguma coisa. Todos buscam alguma coisa. Até ele, mesmo não sabendo o que seja esse algo, não perdia a esperança. Chegando à outra margem do rio escuro de petróleo, não olhou para trás quando as piranhas avançaram atropelando os retardatários. Não podia perder tempo com fugacidade. Assim estacionou a pressa ao lado do edifício. Chamou o elevador e subiu para a prisão de todos os dias.
Sentado em frente ao computador idealizou o teorema das coisas sem se preocupar com distorções. Querendo ou não, as distorções surgiriam por mais simples ou mais complicados que fossem os cálculos. Não podia se entreter com baboseiras. Enfrentava os problemas de cabeça erguida sem denotar cansaço. Anotava toda e qualquer alteração para no futuro não repetir os mesmos erros. Anotava, já tinha dez cadernos de anotações.
No yesterday da vida pouco se preocupava. Sua atenção estava mais voltada para o today de todos os santos momentos. Light my fire pede ela sem entender as consequências do ato. Sorri com graça na perfeição dos lábios vermelhos sensuais. E, ficou deitado no espaço do corpo ouvindo a canção da alma elevando-o no espaço pétreo da cidade cinzenta a qual ele amava.
Up, up dizia, e ela retrucava, não agora é minha vez de up, vamos mudar. Não gosto de monotonia. Assim que terminaram, sem piedade ela se despediu rasgando um longo e poderoso good bye.
His heart sangrou red manchando o white de sua pele envenenada pela beer gelada no pub da Consolação.


pastorelli

Seja o primeiro a comentar: