“Nada
começa, e nada acaba, / que não se pague com gemidos; / porque da dor dos
outros nascemos / e da nossa morremos” (Abgar Renault)
Sempre
que há sofrimento, penso que a vida não tem sentido. Tudo acontece rapidamente
e as desilusões se apresentam como resultados. Nilto Maciel costumava dizer, “...Mande notícias boas. Sou avesso a más
notícias”.
Na verdade, viver é assustador, porque percebo o mundo
em detalhes e muitas vezes, temo ao olhar com cuidado, para não me perder na
poeira, como os encontros que não consigo decifrar e, também, por não confiar nas
pessoas que gostam de tirar proveito da minha delicada situação. Nas palavras
de Silvana Amaral, “...Quem sabe chegará
/ Enfim o dia / No qual / A contragosto / Aceitarei / Que não sou nada // Além
de mim mesmo”.
Trata-se
de uma constante em minha vida: receber más notícias. Quando menos espero, elas
chegam, para ficar. Parece um ritmo continuado acima de qualquer suspeita, mito
ou preconceito. O que posso dizer ou fazer? Quem sabe, continuar a criar e
alimentar a imaginação, como distração.
Envelheço
entre más notícias e não me dou conta de viver o dia a dia. Meço o tempo entre
o mistério da chegada da má notícia e o significado da espera; então, espio as
frases livres do livro que leio e me digo satisfeita. Mas, ainda assim, preciso
considerar que as páginas transcrevem uma triste história, o que me consola,
como em Foed Castro Chama, “sobre as
ruínas do tempo / a luz é matéria / eu movimento, / o sangue é pensamento”.
Pessoas enfrentam na vida diferentes tragédias, passam
pelo processo de autoconhecimento, o que lhes dá suporte para seguir em frente.
Cada um precisa encontrar sua maneira de lidar com as más notícias, porque elas
são inevitáveis. O importante é questionar quando começa a valer essa situação
e se, ao lidarmos com o ruim, aprendemos a valorizar o bom, como sinal de que
estamos focando em ideias e definindo procedimentos de avanços emocional,
cultural e social, consensuais entre a fragilidade e a razão.
A
emoção decorre da fragilidade; costuma haver distanciamento entre o valor real
da má notícia e a multiplicação dessa experiência. Cada vez mais, o desrespeito
do “mau” representa fatia maior dos sentidos no medir a vida a partir dos
desafios: sou avessa as más notícias.
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