quarta-feira, 8 de agosto de 2018

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TODA DOR PODE SER SUPORTADA SE SOBRE ELA PUDER SER CONTADA UMA HISTÓRIA




Pobre infância pobre.... Morreu de olhos abertos para guardar na lembrança o local onde viveu por cinco anos. O pai e a mãe estavam correndo do rapa, no centro da cidade, no momento do tiro. A irmã que tomava conta dele e outros dois menores, estava assistindo televisão. Ao lado do corpinho frio, a família reunida, o choro dos irmãos menores, o murmúrio de dor e uma enxurrada de lágrimas da mãe e irmã. O pai com um nó na garganta e a gargalhada sarcástica da morte junto ao cadáver. Após o enterro, um vazio naquele barraco. A mãe tão chorosa lembrou-se de como Pedrinho era feliz. Bastava ter a pipa para empinar, algo para comer, o colchão velho para dormir e uma coberta nas noites frias. Sem falar nos doces que recebia da madrinha. No dia de visita à madrinha... isso sim era felicidade. Ao longe ouvia-se os sinos dobrarem.




Conto construído pela escritora Lygia Boudox tendo como mote uma imagem feita por mim. Este é o segundo post deste projeto. 



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