terça-feira, 2 de outubro de 2018

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Pequenas histórias 294

 Passou no banco



Passou no banco e numa operação rápida, mesmo com a série de números necessários que a senha exigia e, a todo o momento ter que introduzir o cartão, a operação foi rápida. Passou no banco para sacar uma quantia em dinheiro para os gastos do fim de semana. Para os gastos mesmos, não era para pagar contas bancarias, telefônicas, Sabesp, e outras tranqueiras quaisquer e muito menos pagar contas atrasadas. Detestava pagar contas atrasadas, principalmente boletos bancários, o que ultimamente quase todas as compras são boleto bancário. E se o boleto estiver com o pagamento vencido, era obrigado a pagar no banco que a emitiu e, não em qualquer banco. O pagamento em qualquer banco é bem mais fácil, mas nem sempre havia um agencia por perto, como detestava isso! E por detestar isso as agencias pareciam que estavam cada vez mais distantes, percorrer longa distância não era sua predileção. Não apreciava andar, mesmo que precisasse, mesmo por ordem médica, evitava andar, fosse longe ou perto. Notava com uma acelerada frequência que perdia a noção do que era longe e do que era perto. O perto para ele traduzia como longe, isto é, andava caminhos estranhos, cheios de curvas, íngremes, esburacadas, às vezes precisava pular a janela da casa do padre, o qual consentia ao mesmo tempo em que perguntava:

- E o padre que era para vir, veio?

Ouviu a resposta sem saber quem dera.

- Veio sim, padre, mas só que era Francês...

Não escutou o resta da conversa, isto porque, ganhou a rua e percebeu que estava na Toca como era chamada a boate na esquina das duas ruas que não conseguia lembrar os nomes. Dentro da boate, corria a solto abraços e beijos e amassos de tudo e de qualquer jeito, e foi então que o grito estridente se fez ouvir.
- Não precisa empurrar se não quer tudo bem, entendo, vou procurar quem me queira.

O que o deixava chateado era a ansiedade da hora, não aprendia a ficar despreocupado com a hora, por isso consultou o relógio incrementado no pulso esquerdo. Uma hora quarenta minutos, nesse instante, meio longe, soou o bip do relógio despertador, caiu em si, o sonho e a realidade estavam muito perto uma da outra, portanto o perto parecia longe e vice versa.

Tuas mãos encobrindo os olhos revelaram teu desespero. Não chorou, não houve lágrimas, apenas o sentir que através dos teus dedos outros olhos te olharam com a mesma intensidade em que procurava esconder teus olhos.



pastorelli

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