Fotografia Laura Xavier
Os
textos abaixo foram criados na oficina literária que integrou as ações do grupo
de TCA formado por Amanda Euclides, Gustavo Gomes, Laura Xavier, Geovana Rios,
Julia Rocha e Kathleen Larissa, alunos do nono ano C da EMEF CEU Vila Curuçá. O
mote da oficina foi a seguinte questão: Como você se sente no ambiente escolar?
A
oficina contou com a colaboração dos professores Fabiana Zacarias e Fernando
Rocha.
O
DESESPERO QUE A MENTE CAUSOU
Fico
pensando parada no meio do quarto, refletindo tudo o que já fiz, nada além de
expectativas.
Ir
à escola já não era legal, mas a partir do momento em que os problemas
apareciam, minha única opção era sumir, sumir de tudo e de todos, sumir de mim.
Existiam
problemas, me sentia sozinha e meus pensamentos? Ah! Isto era o pior, meus
pensamentos me levavam a fazer coisas que nunca pensei fazer.
E
mais um dia se passa, será normal, toda vez ao levantar, fico me perguntando o
por quê de ser uma decepção? Por que não consigo orgulhar meus pais?
E
lá estamos nós, novamente na escola, um lugar onde guardo os melhores sorrisos,
os mais falsos, se posso dizer assim. Ando carregando os meus problemas
familiares dentro de mim, isso me machuca, porque junto com isso vêm as
decepções amorosas e pensa numa coisa chata que todo adolescente passa.
Sorrisos
surgem e somem, tristeza vem e não quer sair, alguém tira isso de mim. Já não
aguento mais. E mais um dia começava, mas hoje já acordei decidida, cortei os
pulsos, logo em seguida, vi que de nada adiantou.
Girassol Anônimo
Laura Xavier
SEM TÍTULO 1
Aqui
estou, em plena madrugada, bateram quatro horas. O que pensar? O que vou fazer?
Vou deitar novamente, de repente algo me acorda, estou assustada. O que será
que foi aquilo? Olho no relógio pendurado em uma das paredes do quarto. São
seis horas, preciso ir para a escola, mas por que preciso ir para aquele lugar,
onde ninguém se importa ou apenas finge ligar?
Escola,
um lugar onde existem muitas pessoas, temos muitos amigos, na verdade colegas,
o que pensar de cada um deles? O quão é importante minha presença e minha
amizade no olhar de cada um?
Durante
uma aula, a primeira do dia, estava totalmente presente e dedicado aos estudos,
até certa confusão tomar conta da minha mente. O que acontecerá? Eu tinha
passado a estar presente somente pelo meu corpo, pois minha alma estava em um
lugar diferente, comecei a pensar talvez no que aconteceu.
Talvez,
o sumiço repentino do meu irmão tinha algo a ver com meus pensamentos sombrios
e assustadores, sabia naquele dia que poderia nunca mais vê-lo, doía tanto,
então mal pedi para ir pra casa, quando minha mãe chegou para me buscar,
simplesmente desabei em seus braços, o que eu faria agora, o que seria de meus
pensamentos dali em diante, aquela noite não consegui pensar mais nada, além do
que acontecerá durante o dia, apenas deitei em meu quarto, na minha cama onde
parecia ser o lugar mais tranquilo e aconchegante para eu ficar, chorando e
pensando sobre o que acabara de ocorrer será que um dia o verei novamente? Até
quando isso vai durar? Será que conseguirei passar por tudo isso sozinha ou
como meus pensamentos me pedem farei algo com que possa me arrepender!
Julia Leite Nono ano A
SEM TÍTULO 2
Desci
do ônibus, depois de enfrentar um amontoado de gente. Entrei na escola e fui
direto à minha sala, não estava satisfeito por mais um começo de dia de aula,
eu estava nervoso por estar ali, ali eu estava apenas, sentado em uma cadeira
esperando que o professor chegasse.
Os
alunos entraram todos do seu jeito, uns com expressões que pareciam felizes,
outros, nem tanto. Eu peguei um ônibus lotado, acordei cedo, andei até a
escola, para a apenas naquela sala, naquela cadeira? Eu realmente cheguei ali
com o intuito de algo? O intuito era estudar? Para eu ser inteligente e ter um
futuro promissor? Talvez. Todas as coisas que passam pela minha cabeça, naquele
momento, não era Matemática, Português ou qualquer outra matéria.
Passava
pela minha cabeça o porquê aquela sala estava com alunos gritando, se batendo,
se desrespeitando. O professor tinha passado lição na lousa, uns faziam, outros
nem se importavam com a aula.
Mas
a pergunta era: Eu aprendi algo sentado horas na cadeira? Eu me sentia mais
inteligente? Por que o tempo não passara logo? Por que eu ficava cada vez com
menos vontade de estar ali? O intervalo chegou e todos nós descemos para o
pátio, alguns minutos sem sala, sem professores, sem estudar, mas... Tinha
diferença?
Voltamos
para a sala e ali continuou o estudo, letras números, cálculos, me estressaram,
me fazia querer fugir dali o mais rápido possível e cada vez mais me
entediaram. Finalmente o horário da saída chegou, finalmente ficaria sem alunos
gritando, sem letras e números. Desci as escadas e fui embora... Mais
inteligente? Menos? A pergunta era: Eu estava ali mesmo?
Luca Alves Gonçalvces Nono ano C
Laura Xavier
MÁSCARAS FORAM EXPOSTAS
Prezada
escola, prezados professores, prezados alunos,
Sei
que desde o começo, eu deveria ter comentado com alguém sobre tudo o que estava
acontecendo, mas infelizmente não tive coragem e preferi vestir a “máscara
feliz”. Foi assim que consegui passar despercebido por todos, ninguém notou as
lágrimas e melancolia anotadas nos papéis amassados e jogados nas lixeiras da
sala.
Eu
não os culpo, pois mesmo que tivessem tempo para perguntar como estava o dia,
ou se estava bem, colocaram suas máscaras no rosto, se viraram para o quadro
negro e começaram a escrever.
Colegas,
obrigada por tentarem, sei que não deve ser fácil, tirar um dia da sua vida
para fazer alguém sorrir.
Saudade
só daquele que jurou estar ao meu lado e um dia virou-se e partiu, deixando
todos com o coração partido e uma lágrima no rosto. É possível que ela, a
felicidade não exista para muitos, mas a verdade é, e daí quem liga? Se
contarmos para alguém, a pessoa só iria vestir sua máscara de ajudante,
aconselhar um médico que provavelmente iria colocar uma máscara em todos os
problemas e cobri-los com um manto para que ninguém mais veja.
Anônimo
SEM TÍTULO 3
Tudo
que envolve o ambiente pode ser tanto escondido quanto revelado facilmente, mas
não podemos revelar e esconder facilmente aquilo que vem do coração é como uma
primavera sem folhas caindo no chão.
Muita
gente se perde com o que vem acontecendo em suas vidas, em suas cabeças que têm
dificuldade em entender os outros à sua volta, de ouvir e apreciar coisas ao
seu redor.
E
com isso a tendência de muitas pessoas em um ambiente escolar é se isolar
mentalmente, com seus inimigos interiores.
Uma
vez, em qualquer dia como outro, um jovem rapaz estava quieto e isolado no
canto de uma sala de aula, com cara de angustiado, isso porque no final de
semana, ele pegou sua namorada te traindo. Enquanto ele olhava longe, arrasado,
correu de volta para casa. E mais tarde naquele mesmo dia seu pai chegou
extremamente bêbado, xingando a família de tudo quanto era nome, sua mãe então
começou a discutir, e ele ouvia os gritos e sons de copos e pratos caindo no
chão da cozinha, foi quando seu pai começou a desferir muitos socos e chutes em
sua mãe.
Desesperado,
sem saber o que fazer, o jovem rapaz pegou uma pequena faca no cozinha, correu
e desferiu um golpe na perna do próprio pai e em seguida um chute na barriga.
Em pânico com o que tinha acabado de fazer, o jovem correu para o seu quarto,
se trancou lá dentro pelo resto da noite.
Seu
pai saiu de casa no dia seguinte e ele pensando: Por que ainda tenho que ir
para a escola? Assim ele passou dias, semanas, meses, preso em sua própria
cabeça.
Anônimo
SEM TÍTULO 4
Lá
está ele, como sempre no mesmo lugar, com a mesma expressão facial, seu
semblante nunca está bom, parece com medo, com dor, tristeza ou raiva. Mas por
que está lá naquele mesmo assento, se isolando de tudo e de todos, em um canto sem
brilho, sem cor, sem uma forma de uma vida, como se quisesse não ser notado.
Seu objetivo é não ser incomodado. Eu queria saber como é não ter com quem
dividir suas grandes angústias? Sua agonia? Se ele tem problemas, quem sabe,
será que minha ajuda mudaria tudo isso?
Estou
farto de sempre o ver lá, tão só e... Espera o que estou dizendo? Como posso
ter pena, não posso ajudar nem a mim mesmo, mas há uma solução, se ambos nos
ajudássemos assim minha dor, minha solidão sumirá?
Minha
dor domina meu corpo e não sei como agir ou como reagir, às vezes a ignorância
está em primeiro lugar, mas devo considerar o sentimento das pessoas, não sou
só eu que tenho problemas, eu tenho, mas ele também tem.
Sempre
o criticam e o julgam, mas não o conhecem, nem o aceitam, mas eu vou muda-lo
para melhor, um “Oi!” não vai matar ninguém, não preciso ter medo, porque olhar
para mim mesmo e perceber meu problema não é ruim é uma nova chance, um novo
começo.
Kaique Marques
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