As obras de arte
ilustram nossos momentos no tempo através da linguagem, como na significativa
representação dos gravadores de xilogravura, que vem a ser a técnica de
gravação na pedra desenvolvida sem modismos. Carlos Martins escreveu que “o que tudo isso reflete, evidentemente, é
uma concepção de arte que não se preocupa em andar na moda – e sim em encontrar
e conquistar seu próprio espaço”. Na técnica da xilogravura, lembrando-me
da arte como história, encontro os gravadores Lívio Abramo e Oswaldo Goeldi, que
cultuaram a arte popular, assim considerada até os dias de hoje.
Momentos no tempo
revela que Lívio Abramo detectou semelhanças na xilogravura, como arte versátil
com elementos técnicos, próprios e característicos. Ainda, disse que “a xilo é a arte da raiva”, porque os
gravadores entalham com força na rigidez das linhas. Lívio também organizou o
livro Pelo Sertão, de Afonso Arinos
de Melo Franco, em 1946.
Um lado curioso
do tempo é que com a xilogravura foram reveladas as culturas populares,
principalmente, a nordestina, pois, a partir de século XX, a referida técnica
passou a ilustrar os folhetos de Cordel.
Outro lado do
tempo é lembrar o momento em que Mário de Andrade influenciou os xilogravadores
a ilustrarem folhetos de Cordel, através do manifesto conduzido a uma geração
de gravadores, onde a modernidade os ligou ao mundo quando a converteu em tema
favorito, como arte popular. Para o cordelista Manoel Camilo dos Santos, “Lá não se vê mulher feia / e toda a moça é
formosa / alva, rica e bem decente / fantasiada e cheirosa, / igual a um jardim
/ repleto de cravo e rosa”.
Momentos
no tempo são percebidos através das obras de arte, que trazem essa marca
registrada em cada performance e talento, como cultura tipificada através da
xilogravura brasileira, expressada no Cordel. Arte que trata de um mundo mágico
em diferentes nuance, ao ser composta em harmônicas linhas, palavras e formas
que representam imagens populares, com detalhes, no revelar as várias facetas
do nosso Brasil.
Essa mescla entre
a gravura e a literatura chega até nós como cultura, e se destacam como arte,
porque vai de encontro à realidade ao buscar retratar a si própria. O
cordelista Leandro Gomes de Barros expressa, “O povo me chama grande / E como de fato eu sou / Nunca governo
venceu-me / Nunca civil ganhou / Atrás da minha existência / Não foi um só que
cansou”.
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