Lena sorriu
Lena sorriu. Achava engraçada a persistência de Mané. Tinha ele como um cara legal, atraente, se vestia bem, bom de lábia, mas era como bater em ferro frio. Não conseguiria nada com ela.
Por nove anos desfilava na escola de samba. E todo o ano, aos sábados, Mané grudava nela o ensaio todo, não arredava pé nem um minuto. Constrangia-se com a persistência dele. Pressentia os olhares invejosos das mulheres em geral, olhares que se pudesse, fulminaria ela do mundo deles.
Lena sorriu. E quando Lena sorria o mundo
tornava-se mais brilhante, as coisas tinha mais sentido, seu peito se inflava
de força extraordinária, mas Lena não era do mundo deles. Mané sabia disso, e
como sabia. Crioulo, crescido na favela, nunca tivera oportunidade de sair do
seu círculo de pobre... Às vezes conseguia algo extra e desfrutava dos prazeres
da noite, o que era raro.
Quando Lena começou a comparecer anualmente aos ensaios da escola, Mané esqueceu os limites que a vida impunha. No primeiro instante se apaixonou por Lena. Eliminou barreiras, preconceitos, falatórios e tudo o mais. O que importava era estar perto de Lena. E, todo ano estava lá presenciando o ensaio de Lena.
Lena sorriu, aliás, estava sempre sorrindo. Não havia tempo ruim para ela. Enfrentava os percalços sorrindo. Tinha gente que se incomodava com o sorriso dela, achava que era impossível uma pessoa sorrir constantemente. No entanto Lena era assim, não sabia ser de outra maneira. Não havia contratempo ruim, e, se houvesse, claro que há, é impossível uma pessoa viver sem contratempo ruim, portanto, os momentos negativos, como ela dizia, chutava para escanteio, sorria, arregaçava as mangas e partia a enfrentar novos obstáculos.
Quando Lena começou a comparecer anualmente aos ensaios da escola, Mané esqueceu os limites que a vida impunha. No primeiro instante se apaixonou por Lena. Eliminou barreiras, preconceitos, falatórios e tudo o mais. O que importava era estar perto de Lena. E, todo ano estava lá presenciando o ensaio de Lena.
Lena sorriu, aliás, estava sempre sorrindo. Não havia tempo ruim para ela. Enfrentava os percalços sorrindo. Tinha gente que se incomodava com o sorriso dela, achava que era impossível uma pessoa sorrir constantemente. No entanto Lena era assim, não sabia ser de outra maneira. Não havia contratempo ruim, e, se houvesse, claro que há, é impossível uma pessoa viver sem contratempo ruim, portanto, os momentos negativos, como ela dizia, chutava para escanteio, sorria, arregaçava as mangas e partia a enfrentar novos obstáculos.
Como naquele ano. Lena chegou à escola e foi
informada que seu lugar não seria mais na ala das passistas. Fora colocada em
outro lugar. Ficou intrigada, apreensiva. Esperou minutos longos, quando em
fim, a informaram que ela seria a madrinha da bateria. Como? Por quê? Quis
saber. A madrinha oficial estava com o pé quebrado e, como não havia tempo para
chamar à substituta, resolveram colocar ela. Aceitou se não aceitasse talvez,
seria convidada a sair da escolha e nunca mais poderia desfilar.
Lena sorriu ao ouvir atrás de si a bateria
batendo no compasso do seu coração. Postou-se, e começou seus primeiros passos,
gingando os quadris ao ritmo da música. Nisso seus olhos pretos defrontou-se
com uns olhos escuros que a fitava. Não era possível! Estava bem na frente do
Mané que a lambia com os olhos úmidos de prazer. Ele sorriu para ela. Não se
importou se postou no seu lugar, e durante o desfile todo, ela brilhou
intensamente. Mané com o coração explodindo mais que a bateria, se esmerou
levando a escola ao primeiro lugar.
Pastorelli
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