Continuando
o que dizer.
Na sua luta
contínua no que dizer, tomou o livro iniciado e abriu na página marcada. Leu
por infindável segundos de momento palavras que o escritor achou no fundo do
ser. Uma por uma das palavras seus olhos passearam na certeza de compreendê-las
integralmente. No entanto, e sem perceber o livro escorregou de suas mãos para
o chão frio de piso seco e duro. E o pequeno volume de capa leve e suave
permaneceu contemplando-o enquanto caia numa pequena e profunda sonolência. E
de dentro dessa sonolência profunda e pequena, viu-se caminhando a esmo, sem
destino, livre e espontâneo.
Na sua luta
continua no que dizer, apanhou o livro do chão, meio que assustado por ter
caído na sonolência pequena e profunda. Esfregou os olhos, esticou os braços
num espreguiçar alongado e sorriu para a manhã que, clara, inundava a sala
quente e quieta. Precisava agir para ter o que dizer. Precisava criar momentos para
justificar-se vivo, de possuir integridade acima de qualquer suspeita.
Precisava sair. Foi o que fez.
pastorelli
Seja o primeiro a comentar:
Postar um comentário