quinta-feira, 13 de junho de 2019


Continuando o que dizer.

Na sua luta contínua no que dizer, tomou o livro iniciado e abriu na página marcada. Leu por infindável segundos de momento palavras que o escritor achou no fundo do ser. Uma por uma das palavras seus olhos passearam na certeza de compreendê-las integralmente. No entanto, e sem perceber o livro escorregou de suas mãos para o chão frio de piso seco e duro. E o pequeno volume de capa leve e suave permaneceu contemplando-o enquanto caia numa pequena e profunda sonolência. E de dentro dessa sonolência profunda e pequena, viu-se caminhando a esmo, sem destino, livre e espontâneo.
Na sua luta continua no que dizer, apanhou o livro do chão, meio que assustado por ter caído na sonolência pequena e profunda. Esfregou os olhos, esticou os braços num espreguiçar alongado e sorriu para a manhã que, clara, inundava a sala quente e quieta. Precisava agir para ter o que dizer. Precisava criar momentos para justificar-se vivo, de possuir integridade acima de qualquer suspeita. Precisava sair. Foi o que fez.


pastorelli  


Seja o primeiro a comentar: