quinta-feira, 22 de julho de 2021

 perambulei incontáveis vezes,

tantas foram tantas,

que me esvaziava do que me prendia,

como um rio sem margens.

Nada me continha, nem as roupas

nem as palavras, só os afetos.

Quando era humanizado

tudo me prendia em amarras

oficiais e contábil.

Já não havia acontecimentos

tornei-me um fato, um número,

 um registro cartorial

de uma máquina paranóica.

Um dia, fugi de novo,

fugi para tão longe,

que o tempo lá, não era passado nem futuro.

Só havia presentes ou presentes do presente.

Tudo se embricará em si mesmo.

E em si me diferenciava e vi outros como eu,

Um era leão, outro a serpente e outro uma águia.

Juntamo-nos e perambulávamos pelo presente,

no fundo éramos um só, 

indivisíveis porém diferentes,

pogentes e esquizos,

Nós ríamos e gargalhávamos

porque não éramos partidos 

egóicos ou superegóicos,

éramos corpos, corpos desejantes

num só corpo sem órgãos. 

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