II
Arauá, o índio, estava velho. Muito velho.
Apesar disso, conservava um estranho vigor, em seu corpo magro e rijo. Seus membros continuavam flexíveis como sempre haviam sido, e ele conseguia enxergar muito longe ainda, e percebia todos os ruídos da mata e os interpretava.
Arauá era uma figura lendária, entre as várias tribos indígenas que habitavam aquela região pouco conhecida da Amazônia, que abrangia territórios do Brasil, Bolívia e Peru. Morava sozinho, à beira de um pequeno rio, numa enorme e bem construída oca, convexa e segundo a antiquíssima arquitetura índia, sem nenhum mastro central que a sustentasse. Dentro havia remédios para quase todos os males conhecidos, desde amargas infusões para os vários tipos de febres, ungüentos à base de óleo de capivara para friccionar as costas e o peito, e que fortaleciam os pulmões, banha de sucuri dissolvida no sumo de limões bravos, para artrites e reumatismos, emplastros de mandioca triturada e fermentada com cinzas de cactos, para aliviar e fazer secretar qualquer tipo de abcesso, havia minúsculas sementes vermelhas, que ingeridas combatiam eficazmente enchaços e inflamações, o espinho de caraguatá, torrado e moído, tinha grande poder cicatrizante, e sobretudo, havia venenos, muitos venenos, que ministrados numa dosagem que só Arauá sabia, inibiam e neutralizavam o veneno de vários tipos de cobras, escorpiões, lacraus e aranhas.
Arauá era conhecido de muitos índios, querido e muito respeitado. Além de saber aliviar e curar sofrimentos físicos, sempre que solicitado, dava conselhos sábios, prudentes e úteis. Fazia previsões, sobre a vida comunitária das tribos, sobe a caça e a pesca que invariavelmente revelavam-se acertadas.
Mas, apesar de tudo isso, e de falar fluentemente os vários dialetos das tribos da região, de ser querido e respeitado por todos, Arauá vivia sozinho e longe, porque gostava de interrogar, de interrogar as árvores e os animais, por menores que fossem, gostava de interrogar os rios, as pedras e as flores. Gostava de interrogar as nuvens, o sol, a lua e as estrelas. Gostava principalmente de interrogar a si mesmo, silenciosamente.
Arauá, havia se tornado velho e sábio. Muito velho, e muito sábio.
Arauá, o índio, estava velho. Muito velho.
Apesar disso, conservava um estranho vigor, em seu corpo magro e rijo. Seus membros continuavam flexíveis como sempre haviam sido, e ele conseguia enxergar muito longe ainda, e percebia todos os ruídos da mata e os interpretava.
Arauá era uma figura lendária, entre as várias tribos indígenas que habitavam aquela região pouco conhecida da Amazônia, que abrangia territórios do Brasil, Bolívia e Peru. Morava sozinho, à beira de um pequeno rio, numa enorme e bem construída oca, convexa e segundo a antiquíssima arquitetura índia, sem nenhum mastro central que a sustentasse. Dentro havia remédios para quase todos os males conhecidos, desde amargas infusões para os vários tipos de febres, ungüentos à base de óleo de capivara para friccionar as costas e o peito, e que fortaleciam os pulmões, banha de sucuri dissolvida no sumo de limões bravos, para artrites e reumatismos, emplastros de mandioca triturada e fermentada com cinzas de cactos, para aliviar e fazer secretar qualquer tipo de abcesso, havia minúsculas sementes vermelhas, que ingeridas combatiam eficazmente enchaços e inflamações, o espinho de caraguatá, torrado e moído, tinha grande poder cicatrizante, e sobretudo, havia venenos, muitos venenos, que ministrados numa dosagem que só Arauá sabia, inibiam e neutralizavam o veneno de vários tipos de cobras, escorpiões, lacraus e aranhas.
Arauá era conhecido de muitos índios, querido e muito respeitado. Além de saber aliviar e curar sofrimentos físicos, sempre que solicitado, dava conselhos sábios, prudentes e úteis. Fazia previsões, sobre a vida comunitária das tribos, sobe a caça e a pesca que invariavelmente revelavam-se acertadas.
Mas, apesar de tudo isso, e de falar fluentemente os vários dialetos das tribos da região, de ser querido e respeitado por todos, Arauá vivia sozinho e longe, porque gostava de interrogar, de interrogar as árvores e os animais, por menores que fossem, gostava de interrogar os rios, as pedras e as flores. Gostava de interrogar as nuvens, o sol, a lua e as estrelas. Gostava principalmente de interrogar a si mesmo, silenciosamente.
Arauá, havia se tornado velho e sábio. Muito velho, e muito sábio.
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