A beleza está - não consta.
Nem tudo que traz em si o sentido se faz escutar,
nem todas as palavras se prestam à manipulação.
Tampouco a escrita precisa ser lacônica, para ser íntima
Escuta o teu coração:
ele também bate em meio à multidão,
há verões sem lua e sem estrelas
Não procura pretextos; é suficiente tentar,
nesse tempo que se amortiza célere
Ao todo embaralhado oferece um outro ponto de vista,
sem oposições ou justificativas em nome da arte
O teu falatório te contamina, e faz eco.
Não percebes suas elipses longas e a viagem de volta?
És teu feroz bumerangue!
Bom seria se pudesses saltar desse quadro no qual já não cabes.
Criador e criatura, desenhaste o declive e por ele escorregaste.
Não fluíste somente para dentro de ti:
tu te esparramaste como uma massa disforme, sem fixação possível
A beleza que quiseste aprisionar em teus versos
alojou-se nas falsas mentiras que não carregaste sobre os ombros,
não suaste, não entendeste como multiplicar
Não é espelhando significados que chegarás à carne.
Essa é a metáfora que não escreveste.
Sonia Regina
26.1.10
Imagem: Asik Asik
4 comentários
Olá, Sonia Regina.
Seu poema é muito bem trabalhado. Não acredito que seja para uma só leitura, ele exige releituras e muito pensamento. Parabéns!
Estou conhecendo o blog agora. Alguns autores (como Paola Rhoden, Jorge Xerxes...) acompanho no Portal Literal. Vou adicionar o link de vocês no meu blog. Um grande abraço a todos!
Sonia, já lhe enviei um comentário inicial sobre esse poema, conforme dito acima, merece muitas releituras, aliás, tudo que vc. escreve, sempre vejo assim, leio e releio, a cada olhar novas imagens, novas descobertas. Entre meus poetas prediletos, vc. está na galeria dos preferidos.
Bjs, nanamerij
Bruna, já falamos lá no Portal Literal - já agradeci e pedi que não pense muito sobre meus poemas. Sinta-os e se não der, me avise para eu mudar. Prefiro chegar ao sentimento que ao pensamento.
Estamos abertos a colaborações, se quiser vir é bem-vinda!
Bjs gratos pela visita
da Sonia
Nana, obrigada. Saiba que este poema começou a partir (e tomou outro caminho) do que escrevi no teu blog
http://umdedodeprosa-nanamerij.blogspot.com/ comentando teu magnífico opus poético: "A beleza que vem nos teus versos, Nana, toma a gente, nos fala e brinda conosco, entranha-se na pele como um aroma."
Só te peço um favor, poeta que admiro a escrita e sensibilidade: se algum poema que vc ler só te produzir pensamentos e não emoções, me avisa. Não quero falar às mentes e sim aos corações.
Muitos beijos
da Sonia
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