Balada
Luisa Proença
Mirtilos sangram no monte
Animais recolhem à toca
As árvores pingam salgadas
Água chove desgraçada
No horizonte molhado
O mocho pousa de costas
Soberbamente sentado
Indiferente ao que se passa
Agoira e faz de diabo
Sinos repicam inferno
Os anjos saem em dor
A santa de pau queimada
No calor de Verão que volta
A brunir o meu pecado
Os gatos negros morrem
As fadas encharcam de fé
O maldito coração pára
Deixa de pulsar bebé
No berço murcham as rendas
O lençol de pano branco
Que há pouco acariciava
Meu corpo de fada mirrado
Me faz de enforcada
A menina almoça sozinha
Olha o vazio e as imagens
Desfilam na sala vazia
Transformadas em fantasmas
As longas tranças pesadas
Os ombros puídos de medo
Almotolia de graças
Polidas no desespero
Veste de negro e de nada
Cai em pétalas a noite
Arrasta o ser e a pele
Desfaz em curvas de água
No rio longo da ideia
De nunca mais ser lembrada
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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
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Luisa Proença
autor(a): Unknown
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