domingo, 21 de fevereiro de 2010

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O espelho da flor - Fernando Oliveira

Se existisse uma só - e única flor
que fosse cor-de-rosa ou bem-me-quer.
Vivesse unicamente - para dar amor
como a margarida feita mulher.

Entre o germinar e a copiosa vida.

Se fosse apetecida pela sua cor
do brotar do sol - até à meia-luz.
No murchar argênteo - até ao rubor
aromatizando a meiguice que produz.

A língua gorda como o ego da orquídea.

Se fosse a única flor que o sol redobra
no piso árido - duma missa solitária.
Choraria apenas pela água que não sobra
e que não a leva à suma pia candelária.

Onde casaria com a própria foz florida.

Fernando Oliveira

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