Numa linda manhã de sol, ao sair para o jardim de minha casa vi pousada displicentemente em uma folha da roseira mais alta, uma gota de água incomum. Seu brilho era tão intenso que precisei acostumar meus olhos a seu esplendor. Enquanto olhava, mais admirada ficava com o brilho que dela emanava. Embevecida, continuei ali a olhar para ela enquanto os minutos passavam.
Os raios de sol batendo em cheio naquela gota de orvalho, refletindo um lindo arco-íris, faziam-me pensar em prismas de cristais.
Havia algo de mágico naquele lindo pingo d'água.
Prestando melhor atenção, percebi que a seu lado uma margarida pedia com insistência para que ela caísse em suas pétalas para aliviar a sua sede. Do outro lado, uma rosa cheia de perfume, dengosa implorava seu frescor.
Com o calor do sol aumentando conforme os minutos passavam, todo o jardim ficava sedento. Então, quase em coro, as flores pediam para aquela maravilhosa gota d'água que lhes amenizasse a sede. No entanto, a bela e inatingível maravilha da natureza, ali ficava imóvel e silenciosa, não dando atenção aos apelos sedentos da população do jardim.
Uma velhinha que por ali passava, parou para olhar o belo jardim, e vendo a linda gota d'água pousada naquela folha, ficou por uns momentos a olhar os reflexos coloridos que cintilavam ao sol. Olhava e olhava! Mas a sede foi maior. Então, com carinho tomou em suas mãos a folha que servia de apoio para o repouso daquele pingo d'água, e quase com reverência a levou aos lábios secos. Fechou os olhos, e parecia fazer uma oração em agradecimento pela dádiva. Depois disso, a velhinha retomou seu caminho, levando nas faces um sorriso diferente, como se a felicidade a visitasse de repente.
Vendo a cena, fiquei imaginando, que aquela misteriosa e linda gota d'água, tendo pousado em meu jardim por pura obra divina, e depois de se negar a matar a sede das mais lindas flores, dignou-se a deixar alegre e feliz uma simples mendiga de rua.
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