terça-feira, 23 de março de 2010

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sozinhez é o ventre do mundo - Nana Merij.

Nana Merij.

























no ossuário da paixão
nasce o poema como argamassa
molhando meus passos como se orvalho soturno

molha as palmas das palavras
molha as pálpebras da escrita

molha-me....
como se fora chuva ao girassol

da morte da semente
nasce o poema em sua lápide
olhando meus olhos em canto fúnebre
vagarosamente, como quem tem algo nas mãos
e já não tem nada

dos escombros do horizonte
nasce o poema vacilante entre pedras e imagens gastas
tocando minha escrita com a lucidez de quem sabe ao caos
silenciosamente, como quem tem soluços na alma
e já não tem voz

queda-me assim esse poema sem bandeiras
volátil, porque tudo se desfaz na garganta do efêmero

eu cavo, eu rezo, eu fio
em seu caminho desmembrado do que ainda é talvez

em réquiem, eu fuso:

[-uma linguagem outra, que mora na sozinhez do mundo]


nanamerij
28/02/2010


Imagem: Georg Sandgren

1 Comentário

Anônimo

Agradeço aos Membros de letras et etcetera, pela oportunidade de estar entre seus colaboradores.
Sinto-me honrada , por estar aqui.
Abraços poéticos, anamerij