Nana Merij.
no ossuário da paixão
nasce o poema como argamassa
molhando meus passos como se orvalho soturno
molha as palmas das palavras
molha as pálpebras da escrita
molha-me....
como se fora chuva ao girassol
da morte da semente
nasce o poema em sua lápide
olhando meus olhos em canto fúnebre
vagarosamente, como quem tem algo nas mãos
e já não tem nada
dos escombros do horizonte
nasce o poema vacilante entre pedras e imagens gastas
tocando minha escrita com a lucidez de quem sabe ao caos
silenciosamente, como quem tem soluços na alma
e já não tem voz
queda-me assim esse poema sem bandeiras
volátil, porque tudo se desfaz na garganta do efêmero
eu cavo, eu rezo, eu fio
em seu caminho desmembrado do que ainda é talvez
em réquiem, eu fuso:
[-uma linguagem outra, que mora na sozinhez do mundo]
nanamerij
28/02/2010
Imagem: Georg Sandgren
terça-feira, 23 de março de 2010
1
sozinhez é o ventre do mundo - Nana Merij.
autor(a): Unknown
Assinar:
Postar comentários (Atom)
1 Comentário
Agradeço aos Membros de letras et etcetera, pela oportunidade de estar entre seus colaboradores.
Sinto-me honrada , por estar aqui.
Abraços poéticos, anamerij
Postar um comentário