segunda-feira, 15 de março de 2010

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Teste - José Gil

José Gil.



























a actriz avança no nevoeiro que se levanta

traz a sua luz de glória perde-se no “não

se paga. não se paga”, avança como um navio

no cais, grande e leve para navegar do guincho

ao ginjal. a actriz viaja no meu país de

remendos e de pedras , meu país sem água

e sem sede e sem fé – tudo dorme na flor

da inveja e do ciúme, o pais não pode produzir

cultura nem a sua dor fina. Dobra irmão o bico

à publica, à claridade imunda dos parasitas

mediáticos da verdade absoluta. “Deve ser assim

Assim não”.todos se sentam no seu banquinho de

Excelências e vinho. Meu país indeferido e infinito

Que levanta a poeira para lá da língua de todo o

Mundo. E nada. Sintra é maravilhoso na primavera.

O Algarve é maravilhoso no verão. A actriz morreu

No total desprezo Ela ainda avança no palco dos

Que ficam, pequenos navios ao largo do Tejo

Barcaças, barcos á vela. Se eles andam eu já vou

Neles. Adeus amigos, pátria dos amigos, enfia-me

A faca pelas costas como uma ousadia contra o

Esquecimento. Avanço já nos ribeiros do meu amor

Pequenino, vê como voo na pátria doente da erva

Daninha e dos cigarros amarelos

A casa abandonada para novos esquecimentos



Esqueço-me de mim no navio que deixa Lisboa, a capital

O sol nasce ainda devagar chega a actriz do “Não se pode

Extermina-lo” meu país ao pé do Intermarché, os passeios

Cheios de carros e de cegos. Bonita é a Fuzeta, partiu-se o

Aduelo, a moldura da porta aberta.



Não sou escravo do poema. Trabalho-o há três dias

no dia em que sobra o pão a floresta da esteva

a flor da estepe, o teu figo, pela flor de cada

figo fechado basta-me a flor do teu mamilo

adoro a minha pátria dos artistas doces e das

cobras – compõe casas simples e pequeninas

o milagre da pátria está para lá da alma certa

entra o josé

sai o josé

o tempo avança



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Imagem: Tim Holte

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