terça-feira, 6 de abril de 2010

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Anamnese - Lílian Maial

Lílian Maial.





















Era uma dor muito estranha. Aguda e lancinante, que fazia suar e ter vertigem, por vezes, uma lágrima.
Durava o tempo que se a sentisse.
Rastreados os órgãos, fígado, baço, rins, tudo em ordem. Pele, músculos, nervos e tendões sem avarias. E a dor lá, doendo.
Tomava todos os analgésicos inventados, tinha conta na farmácia. E a dor não passava.
Dentista, homeopata, clínico geral e, mesmo, geriatra não detectavam a origem.
Chegou a consultar mãe de santo. Fez trabalho no mato, jogou búzios, procurou cartomante, bebeu poções.
Não adiantava.
Toda vez que olhava o espelho, lá estava a dor.



Imagem enviada pela autora

1 Comentário

Luiz de Aquino

Uma dor nada azul,
nem verde (que carece do amarelo).

Só pode essa dor
ter por cor
o vermelho.

E é dor com luz, pois que
se não a ativesse
não se daria ao espelho.