por Osvaldo Pastorelli .
Imagem: Nancy Torres.
Ela esperava. Já estava no segundo cigarro. O que será que ele fazia no banheiro? Por ela tudo bem, tinha o tempo que fosse para esperar. Precisava fazer a abordagem com outro esquema. O esquema atual não funcionava direito. Tinha seus momentos de êxitos, porém a maioria era negativa. Como agora.
- Você pode esperar um pouco? Vou até o banheiro e já volto, pediu logo que entraram no quarto.
- Tudo bem, fique a vontade - disse ela.
No entanto o cara ultrapassava sua consciência de espera. Nervosa, fumava o terceiro cigarro que amassou no cinzeiro sujo em cima de um móvel capenga. Sentia-se irritada. Decidiu ir embora. Jogou as pernas para fora da cama e, pegava o vestido quando ouviu ele dizer:
- Você está como eu pedi?
- Sim, estou, respondeu.
- Só de camisola?
- Sim, só de camisola - droga o que esse cara está aprontando?
- Posso te pedir mais uma coisa - gritou ele através da porta fechada.
- Pode.
- Você não vai rir?
Rir! Porque rir? Intrigada respondeu malcriada.
- Não vou, não porra!
- Está bem, vou abrir a porta bem devagar.
Cacete, o que esse cara está aprontando? Preparou-se, colocou o corpo em guarda.
A porta do banheiro lentamente foi abrindo, bem devagar. A lentidão estava dando lhe nos nervos. Quis gritar para que andasse logo. No entanto ficou a espera.
E a figura que viu saindo do banheiro foi grotescamente ridícula que ela não pode deixar de cair na gargalhada.
- Porra! Você prometeu não rir.
- Aí meu Deus, desculpe, sinceramente desculpe, é que nunca passei por uma situação dessa.
Ela não conseguia se controlar, tentava segurar a gargalhada, mas ela vinha lá de dentro num ímpeto e saí num abalroamento de risos seguidos.
O cara da porta do banheiro ameaçava rispidamente.
- Você prometeu que não riria, e além do mais estou lhe pagando, não estou?
- Sim, está - ela respondia colhendo o fôlego entre as risadas - desculpe, mas se você tivesse...., por favor, não se irrite...., se tivesse me prevenido acho que seria melhor...., não acha?
- Parece que não tem sensibilidade, não tem fantasia nenhuma?
- Sim, tenho, mas não esperava isso. Ver um homem másculo como você, peludo, vestindo camisola e calcinha,... ah! desculpe, ta.
- Tudo bem, vamos fazer de conta que nada disso aconteceu, está bem? Vou entrar no banheiro e sair como se fosse a primeira vez.
- Tudo bem...
O cara entrou no banheiro, fechou a porta. Ela enfiou o rosto no travesseiro e riu, riu, riu até chorar molhando a fronha.
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