quinta-feira, 13 de maio de 2010

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O QUE HÁ DE VIR. - Noélio A. de Mello




Sempre encontro surpresas delirantes em muitas almas que conheço. Vejo que uma infinidade de homens acredita que as paginas do livro de suas vidas já estão escritas, contando a trajetória dos seus passos, desde o inicio de suas felizes ou sofridas existências até as suas derradeiras viagens sem volta rumo aos segredos do infinito, ao que ainda é invisível ao nosso olhar.

Fico imaginando como esses corações ateus conseguem lutar pelos seus sonhos, por suas glórias, pela busca incessante da felicidade, se acreditam que tudo que anseiam já está escrito nas estrelas, tornando seus destinos um caminho que não permite atalhos e que lhes nega o direito de revirar suas vidas.

Que emoção poderia trazer uma fantasia do espírito, se o que há de vir, já nasceu tatuado nas paredes de seus frios corações, no intimo de suas entranhas moldado pelas mãos do tempo?

Escrevo pensando como deve ser monótona a vida para aqueles que não podem vibrar pelos inesperados das emoções, pelo desconhecido, pelo o que imaginam que não podem mudar.

Escrevo pensando como deve ser difícil tentar enganar a própria existência, suportar o mundo, o tédio da vida, se não fossemos capazes de construirmos nosso próprio futuro. Como conseguirão tantos incoerentes, buscar um amor, se seus olhares já carregam a tinta do desamor? Como poderão sonhar, se as paredes das suas noites já são pesadelos angustiantes? Como poderiam lutar pela liberdade dos seus pensamentos, se as verdades que acreditam independem da suas vontades, das coragens próprias aos corações audazes, das suas mais coloridas ousadias?

Se não cremos que o que há de vir não são os frutos maduros daquilo que plantamos, estamos, então, definitivamente excluídos da possibilidade de escolher entre o bem e o mal. A Liberdade é o bem supremo do homem nascido das raízes do bom senso e da determinação que não permite o cansaço, a vontade de desistir. Deus em sua bondade nos deu o livre arbítrio, para decidirmos nossos rumos, nossa sorte, nosso futuro, nossa felicidade.

O que há de vir, portanto, em nossas vidas, sempre serão conseqüências daquilo que fazemos com a nossa esperança, com a fraterna extensão do nosso olhar. Não podemos culpar as ondas do destino pelas nossas aflições, pelos infortúnios que nos abatem, pelas decepções que nos queimam como chamas, pelo desamor que nos isola do mundo, pelas dores sem remédio que nos invadem no inesperado de um segundo.

O que há de vir de coisas boas, trazidas pelos bons ventos da felicidade, também nunca foram escritas nas nossas histórias de vidas, pelas mãos da sorte, do acaso, como tantos teimam em acreditar. Não podemos crer que, depois da floração, tudo voltará a sua origem.

Os momentos de alegrias são merecimentos que colhemos também pela força da nossa fé. Homens desafortunados e infelizes que contam a própria idade do mundo mudaram suas trajetórias porque acreditaram que poderiam, independentes da sorte contrária, dos passos do destino, revirar suas vidas e costurarem suas esperanças nas asas do amanhã.

O que há de vir, no futuro, será escrito por aquilo que acreditamos, pelas verdades pelas quais lutamos, pelas certezas que nos dizem que não devemos desistir, pelo bem que poderemos fazer ao próximo, pelo animo que cessa o nosso desanimo.

Que todos possamos ter a consciência que como o tempo é a mentira suprema, nós somos os únicos responsáveis em escrever as histórias das nossas vidas, com a tinta rubra do desgosto, com o travo do fel ou com os dedos das verdades divinas que desenham nos espaços sem fim os castelos dourados dos nossos anseios.

Como o homem foi criado por Deus à sua semelhança é dotado de razão, sendo, dessa maneira, criado livre e senhor dos seus atos, inclusive para escrever a sua vida, traçando seu destino, seu futuro. Então, o que há de vir amanhã poderá ser o recomeçar da vida, o esplendor da esperança, um abraço da felicidade, "o alcançar da perfeição da liberdade quando está ordenada para Deus, nossa bem aventurança".

Na verdade, para sempre nada está escrito na estrelas, como tantos acreditam, a não ser o findar da vida e seu recomeço nos campos verdejantes da eternidade. Mas isso é outra história, que, por enquanto, não é tempo de tentar desvendar.

2 comentários

Edi Xavier da Guirra
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Edi Xavier da Guirra

Na caminhada as lutas são as nossas marchas de evolução direcionando-nos no exercício do bem para o crescimento como ser em personalidade e como seres de luz, para o cosmos... Tudo na cronologia terrestre tem um tempo próprio para que as coisas se realizarem.... Assim como uma árvore tem seus galhos, seu tronco, mais que um dia foi uma semente. Tudo que foi criado, teve o seu tempo certo. O primeiro projeto vem da mente co criativa, depois concretiza-se no material, assim são as nossas vidas, elas vão crescendo pela nossa transformação... Tudo segue um cronologia da lei divina, nada segue aos pulos ou pelos privilégios, tudo é conforme a pura justiça divina.

Alma Perfumada
ediguirra@hotmaill.com