segunda-feira, 10 de maio de 2010

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Verso Pendurado - Lílian Maial

Lílian Maial.


























Há um verso pendurado na borda da boca,
Sem vontade de hoje.
Um corpo abandonado, pele opaca e seca,
Retirante absurda de chão de só.

Bailarina sobre o fio da lâmina,
Percorro o medo de olhos vendados,
Sem sombrinha,
Por abismos de nada, ao redor do vazio.

Peito oco, fenestrados amanheceres,
Inconsistentes madrugadas.
Não te vejo, não me sinto,
Não nos entendo.

Corrosiva dor que não dói,
Ferida que não sangra,
Sombra que não me acompanha.
Preciso saltar, nem sei onde estou.

Não encontro – e nem procuro - teus olhos de macho.
Não há porta, nem sinal.
Longo e torturante corredor sem movimento.
Cansada e tonta da viagem sem bagagem,
Ombros pesados de escuro.

Há uma tênue esperança de dor,
Grito abafado e delicado,
Absoluta ausência de febre.

Não quero essa alameda beirando a morte!
Não sem cor, sem cheiro de sangue!
É hora da chaga margeando o desejo,
Cheiro sulfúrico inebriando o membro,
Vontade de prazer e sofrimento!

O verso foge,
O poema esfria,
E te vais em teu caminho,
Numa solidão de nós.
E eu, cega, guiada pelo cão da vida,
Tateando lembranças.


Imagem: Kemal Kamil AKCA

15 comentários

Gilia Gerling

Poema mais que genial!
Metáforas sensacionais!
Abraço e minha admiração,
Gilia

Luiz de Aquino

Excelente!

Mas não me surpreende... É da medida do seu talento.

Anônimo

Esta mensagem de amor está impregnada de vibrações, aguçando muito mais a sensibilidade de quem a lê. Além do mais, você usa de uma certa magia com as palavras, deixando o texto que é belo, muito mais belo ainda. Um grande abraço.

AUREO MARINS

Anônimo

Letras concertantes.
Versos instigantes.
Emoções latejam.

Prazer sorver.
Gui Oliva

jorge vicente

Tateando lembranças.
Tateando poemas que vivem através de você, amiga.

Muito bonito!

Um grande abraço
Jorge

Anônimo

Lindo, doído, perturbador.
A arte misturando-se com o devaneio e a realidade.
Beijos,
Sonia

Jorge Sader Filho

Lembra-me o choro de um saxofone de jazz.

Beijos
Jorge

Mônicka Christi

Lilian,
Belíssimo poema.Um vendaval metafórico a nos arrastar às letras.Parabéns e Sucesso sempre!
Beijo no coração e n'alma,
Mônicka Christi

Ricardo Mainieri

A dor dos relacionamentos fornece ao poeta um combustível para seus versos ígneos.
A poesia não está só na mansidão, no bucólico. Ela habita as chagas do amor, do social, das dobras da alma.
Poema forte e vibrante, assim como vc., querida amiga.

Beijão.

Ricardo Mainieri

Catavento

Perturbadoramente inebriante.
Leio, releio e ainda assim continuo dependurado. Petrifica. Verdadeiro mergulho em devaneios
da alma. A autora tem a propriedade de nos 'dopar' sem
dó nem piedade.

NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPO

Ler seus poemas é o maior presente que se pode receber. Sou seu fã número um e não admito que digam ao contrário.

Um beijo minha amiga

Naldo

Vânia Moreira Diniz

Lilian querida,
Lindíssimo, rico de talento revelando sempre a poeta maravilhosa que surge em cada poema.
Parabéns!
Beijos

Anônimo

Lilian, lindo. Nem sei o que comentar. Só poderia ser teu.

Beijo,

Barone

Ernâni Motta

Mais uma vez, Lilian, você alia a sinceridade à sensibilidade! Lindo!
Beijos.

JOY

BRILHOU!