quinta-feira, 10 de junho de 2010

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André L. Soares - Alice











































Alice, embebida de pureza,
há poucas horas, chegara ao planeta,
ainda estava imune à maldade,
quando as notícias velozes
rasgaram-lhe as têmporas.

Lágrimas verdes vertendo das retinas,
ponta de dor aguda a lhe fisgar o peito,
grito de clave de sol, preso à garganta,
ela então, vê a santa desnuda
sob a luz fria do cotidiano,...
momento em que o belo pintou-se de breu
(sabor amargo de inocência trincada).

Cansada, recolhe-se ao quarto,
a proteger-se dos cristais e plasmas.
Após sangrar lembranças, cerra as pálpebras,
chora e soluça, outra vez, sozinha.
Por fim, Alice adormeceu!
Em seus sonhos ainda existem flores,
a água e a verdade parecem cristalinas
e até o coração do homem é bom.

Acanhado, procurei algo
que a fizesse sentir-se melhor
quando acordasse;
tentei criar um origami, mas já era tarde...
...e eu só tinha em mãos, a realidade.





Imagem: Kemal Kamil AKCA

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