terça-feira, 22 de junho de 2010

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A CHAMA DA ESPERANÇA - Noélio A. de Mello


O tempo infalível já soterrou as horas de ontem, não importam se sofridas ou felizes, ingratas ou amigas e mesmo que ainda estejam vivas em nossas almas de nada adianta chorar diante do solo árido de uma floração que já murchou no solo.

Podemos e devemos ficar a pensar sobre os atos que realizamos, certos ou errados, mas, o fundamental é ter consciência agora que só o hoje nos interessa, porque é a continuação da vida com todas as suas grandezas e misérias, com outras promessas novas, com o renovar de outras juras que o nosso ontem foi incapaz de cumprir.

Hoje tudo já é passado e presente. Como o tempo implacável já rasgou as cartas que escrevemos ontem, é hora, então, de começarmos a escrever mais uma página da história da nossa vida com a tinta azul-celeste que simboliza nossos sonhos.

Sabemos que hoje - como são duras as leis da vida - poderemos ter a fatalidade a interferir inexoravelmente na nossa caminhada, contudo, precisamos ser audazes para acreditar que a nossa existência vencerá as artimanhas do destino com as esperanças que se derramam pelas nossas almas, pois, é definitiva a verdade que diz- a esperança é uma chama que cede apenas ao sopro da morte.

O tempo, entretanto, não desacelera nunca na sucessão infinita das horas. Contudo, o que nos cumpre como pessoas, neste novo dia que se inicia, é tornar nossas horas terrenas de hoje, dignas, produtivas, corajosas, livres do egoísmo atrofiador e inclinados ao bem coletivo. Só assim poderemos marchar para as grandes conquistas que beneficiam todos os homens sofredores, minorando a angústia que transborda pelas paredes dos espíritos aflitos. Na verdade, sempre deveriamos ser a voz e as mãos da piedade pública.

A felicidade, tão ardentemente desejada por todos nós nesse novo pedaço de tempo, nunca virá se a pedirmos com o sentimento exclusivista. E somente pedindo ela também não surgirá radiante, não ouvirá nosso chamado, nossos apelos. Caprichosa e difícil, a felicidade se esconde na sua avareza, para que nos empenhemos na incansável tarefa de encontrá-la.

Cada amanhecer é tempo de reflexão. Mesmo não podendo mais trazer o que já foi é prudente olhar para trás, bisbilhotando nossa trajetória e contabilizar as conseqüências, boas ou más, dos nossas atitudes, das nossas ações, das coisas que deixamos de realizar.

É de bom senso saber se fomos justos com os amores da nossa vida. Se conseguimos ser fiéis às nossas convicções, aos nossos ideais. Se lutamos ardentemente para realizar nossos sonhos e que vigor empregamos evitando negar para tantos que sofrem pelo menos algumas migalhas de esperanças.

É de bom senso pensar se nossa marcha acelerada permitiu que pintássemos nossos minutos com as cores da gratidão para quem nos ofertou seu ombro amigo e se fizemos tantas coisas que podemos ficar a exigir que a felicidade invada os nossos olhares.

É bom ter a certeza que nossas saudades não fizeram com que o fel do amargor ferisse tanta gente inculpada de tudo. Por enquanto, sei, apenas, que ainda é tempo de rever, de continuar a vida, sem medo dos seus segredos, dos seus mistérios, dos erros que possamos ter cometido.
Repensar os nossos atos é a oportunidade única que temos para escrever uma nova história da nossa existência, apagando com a borracha do tempo tudo aquilo que nos machuca o espírito, que faz sangrar com a lâmina da injustiça as delicadas paredes do nosso coração.

O que não é permitido esquecer, todavia, na nossa ânsia terrena e material é que todos os caminhos que pisaremos no dia de hoje poderão ser um chão de fogo se não depositarmos nas mãos de Deus nossos passos acelerados, nossas esperanças, nossa vida. Eu, hoje, quero ser fé que não cessa, para não desacreditar no amanhã.

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