domingo, 20 de junho de 2010

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Sylvia Beirute - UM CABELO À NOITE




































um cabelo à noite o amor.
os seus filhos nascem de binóculos.
ninguém morrerá dele.
ninguém morrerá dele apesar
do caroço de luz indissociável
de sua síntese efémera.
e vemo-lo no parque, pela cosmovisão
do sonâmbulo, no transe do bom, de uma
contradição consciente.
o amor, existindo também na beleza
exterior das coisas, é biodegradável no
interior de um corpo de erros.
e ninguém morrerá dele.
ninguém morre com um rosto futuro.








Imagem: Paul Klee, Ângelus Novus








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