quinta-feira, 9 de setembro de 2010

1

ETIMOLOGIA - Lílian Maial




O sussurro do vento
frágil bálsamo da morte
como um étimo
atravessando a noite.

A palavra projeta-se no silêncio
da pedra
um gorjeio mouco
um gesto parco.

E a morte paira sobre a chaga
numa despedida sincera
de pegadas de fogo.

O verbo incinerado calcina a veia
onde o sonho coagulado
trombosa a manhã.

Nas cinzas do verso
há a nesga de quietude.
Um pálido sol esquadrinha o depois,
a vida e o tempo.

Não! Não há paz na morte e na calmaria.
O beijo cálido da palavra é vida
e a vida é sina de raiz
e semente.

O alumbramento se dá no ventre da poesia
fecundo direito
doutrina de origens
parto.


A paz beira a loucura
da hora e da pedra.

Carece o hoje de inferno e grito.

A palavra salta da garganta para o eco
na aridez do cacto
à procura de seu lugar.





Imagem: autor ignorado



1 Comentário

jorge vicente

a palavra Viva
alumbra o espírito
no fulgor das pedras
e de todas as coisas
do coração.

jorge vicente