quarta-feira, 22 de setembro de 2010

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eu era a cantiga - sonia regina































só é provocado quem acaba.

eu nunca terminei, talvez nunca tenha começado. nem no silêncio
do meu verso houve entrelinhas. sem corpo enfrentei o todo relativo
e o absoluto avesso do nada.

numa época inábil em cinzas não ocupei senão umidades ligeiras.
fênix era um mito, assim como a chuva redentora que não vinha
das águas que murmuravam na pele dos que tinham memória

atrás da minha letra narciso dançava com o espelho em busca de si
: eu era a cantiga pressentida que não acalmava, atiçava ou acolhia.



sonia regina




Imagem: Jim Newberry









2 comentários

Francisco Coimbra

Uma cantiga que atiça ou acolhe, colhe meu aplauso! Curiosa experiência poética, o desprendimento da tenção na métrica: poema... textual :)

Editorial

Obrigada, Francisco, pela leitura e comentário. Fico feliz que tenha gostado da experiência poética.

Daqui do outro lado do oceano, um beijo
da Sonia