sexta-feira, 17 de setembro de 2010

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QUEM OUSA DESISTIR DO AMOR?




Todos sabemos que muitas dores são obstinadas e indesejáveis
aliadas do amor. Mas quem nesse mundo desprezaria os sabores e os prazeres de um romance com receio de sentir seu amargor, suas possíveis decepções? Como renunciar aos perfumes da paixão, com medo de um sofrimento que pode estar guardado no futuro, num pedaço do tempo que ainda não sentimos seu caminhar?

Como dizer não aos prazeres da carne e da alma, quando nos aperta o peito o bater acelerado do nosso coração desatinado que fala mais alto dentro do nosso mundo conselheiro? Como a vida é bela somente pelos encantos que oferece, quem ousaria não entrar nesse barco para iniciar uma talvez acidentada viagem sentimental pelo mundo dos sonhos que maravilham nossos dias.

Mesmo sabendo que o amor e desamor andam de mãos dadas, que importa o amanhã se hoje beberemos do suor dos amantes. Que venha o futuro com a inconseqüência do seu desfazer de nós que foram atados pela sadia alucinação do amor. Quem desprezaria as juras de amor que julgamos eternas, sussurradas aos nossos ouvidos pelas bocas rubras que beijamos, que nos enfeitiçam com seus aromas, que desenham estradas ardentes no solo fértil das nossas peles apaixonadas?

Sabemos que no amor o impossível quase sempre acontece, mas quem na ânsia de ver seu reflexo no colorido de outros olhos teria a imensa e insana coragem de se afastar da sua alma parceira, temendo o que ainda não podemos ver, adivinhar?

Que venha o dia seguinte, se hoje estamos enfeitiçados pela profusão da lua cheia, pelas estradas das estrelas, pelos ventos que invadem nossas janelas, desalinham nossos cabelos enluarados, descobrem todos os nossos lençóis, nossos segredos, nossa paixão.

Que partam para longe os feiticeiros que inventaram o desamor, se hoje a fantasia da vida pinta com as cores dos arco-íris as paredes das nossas alcovas amantes. Que voem nos maus ventos esses feiticeiros que inventaram o sofrimento, se temos ao amanhecer um jardineiro encantado plantando nas nossas janelas o colorido das orquídeas. Semeando nas nossas almas o nascer de uma floração que se extasia com cada traço de luz que nasce pelos olhos coloridos de uma nova alvorada.

Que carta ameaçadora pode nos mandar o futuro falando de um amor que findou, se hoje podemos espalhar pelo chão ardente de um amor que nos incendeia as entranhas, infindáveis páginas escritas pelas línguas ávidas de desejos, que recitam poesias em nossos corpos vibrantes, que escrevem versos nas nossas carnes trêmulas de desejos. Por que precisamos adivinhar o que vem sendo costurado pelo tempo, se hoje podemos costurar nossos próprios sonhos, escrever nossa história apaixonada nos travesseiros alvos, nas cobertas macias, com nossas mãos audaciosas e valentes carregadas do mais ousado amor do mundo.

Hoje, particulamente, não me preocupo com o declínio de um amor, com as emboscadas que possam me surpreender, com o recuo de um afeto, se agora, são imensamente intensas e extensas as glórias do amor e da paixão. Que o futuro e os feiticeiros da dor ardam no fogo da inveja, porque só o hoje interessa ao meu coração.

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