sábado, 18 de setembro de 2010

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RUTILANTE - Lílian Maial
























O sangue tem o apelo da poesia,
e o encanto do vermelho escreve o mote;
o tempo é derramado à revelia,
qual lenta hemorragia sem garrote.

Nos versos torturantes da isquemia
do peito, que necrosa a própria sorte,
lesando e debridando a fantasia,
o rútilo se impõe: serpente e bote.

Nas veias, a palavra soa branca,
circula, feito um glóbulo leucêmico,
na linfa impaciente do poeta.

Purpúrea pulsação que não estanca
a sede capilar de um verso anêmico,
melhor a transfusão que amor secreta!



imagem: Bruno Escoval [enviada pela autora]

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