segunda-feira, 6 de setembro de 2010

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_ sem título _ Nana Merij



















no peito o verbo engasgado, um tapa na cara, a alma pálida

um poema intoxicado a curvar-se para vomitar mentiras gastas

para cuspir verdades mofadas,nos templos , nas tribunas, nas casas

debaixo da cruz, das togas, dos tapetes, a sete chaves lacradas



chagas do dia antes de hoje, e do dia que será,herança amarga

como se , espinha de peixe a atravessar as gargantas das letras

sorvo, a qualquer semelhança dos justos, meu total desespero

e, uma palavra rubra e afiada dilacera -me página por página



assim que:

tantas vezes morri,

pelos estampidos dos vazios das pessoas

tantas vezes ressurgi,

em meio a multidão de ausências redentoras





por tal,

sou esta falta de jeito,este verso com defeito

sem rotas, sem bússolas, sem direção

sou esta poesia a suspirar pela hora da morte :

- até a próxima encarnação!





[porém, dói!]



anadeabrãomerij








imagem: soreg



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