terça-feira, 9 de novembro de 2010

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Devaneio do caminhante* – Parte I



causa medo aos senhores
por ser incontrolável
mesmo trancafiado no calabouço
ele brada
queimem os livros mágicos
para o poder da palavra
o caminho leva ao centro
a realidade provém das crenças
das quais há de desprender-se
para o livre fluir
o mito se revela através dos símbolos
transporte para além do véu
enquanto insones reclamam da falta
sonhadores criam os espaços ermos
o verbo é encantamento
chave da comunicação entre as dimensões
a taça será entregue
a aliança formada
a adaptação solicita flexibilidade
elevar-se à altura do quinto elemento
ao longo do caminho milenar
observa os rastros de luz
a hesitação ante os ventos
respostas conscientes
a crença de limitação é a raiz de seu medo


– transcenda-o


o sonho é a morada do espírito livre
e a porta pesada desvela-se lentamente
revela a mesma simplicidade desnuda
daquela do altar de pedra
se tua dor emocional culmina em choro
compreende o propósito da dor


* Inspirado na obra “O Caminho da Deusa” de Maria Esmeralda Grunglasse

1 Comentário

Paola Rhoden

O poeta em ritmo de caminhar. Belo, muito belo, Jorge.