Permite a quietude,
Entende a revoada que suspira o dia.
Acalma o limo da cancela distante
E apressa o intento de mesa posta.
Concede a rebeldia da lembrança,
Um breve frescor de alento de tarde,
Quem sabe o balançar da espera
E um pão molhado no fundo do poço?
À noite, os ossos esquecem o ofício de arar saudade,
Recolhem-se na linha de fratura do sorriso à cabeceira,
ao perfume de limpo dos lençóis
no impecável abraço das vozes.
Permite a chuva na estrada,
O pó e a água, o sal, o sol;
Aceita a mudança de estação,
Percebe a colheita por sobre o muro,
Fecha o portão por trás dos fatos
E atira a palavra ao solo,
Na certeza do vento
e do pólen dos afetos.
Nada há de impedir o brotar do espanto.
************
Seja o primeiro a comentar:
Postar um comentário