Por onde anda aquele por quem me deixei levar?
Aquele das promessas eternas, da fonte inesgotável de prazer,
das noites aquecidas pela luz do olhar singelo?
O que tem almofadas nas mãos, de acarinhar sentidos,
de aconchegar certezas, de apertar a carne.
Pastor de um rebanho de palavras desgarradas,
obedientes ao cajado dos lábios,
que encerram o segredo da minha vida.
Eu! A amada, a escolhida e benta dentre todas!
O que tem ânsia dos guerreiros cansados das batalhas,
por onde insinuo, sequiosa, os braços de repousar e ebulir,
e de encontrar a paz e a agonia eterna, sem alças ou grades,
envolta nos mistérios de um coração menino.
Eu, tua amada, a primeira e a derradeira,
a que deixou sua marca em cada pensamento
e em cada paisagem deserta, à tua procura, meu doce eleito!
Aquele, cuja boca selada me sonega os beijos, que me são bálsamo,
cujos olhos exprimem o conhecimento da felicidade e dos céus,
nuvens, onde mil anjos brincam de esconder o amor.
Eu, tua amada, a derramar lágrimas de sofrimento
pela ausência de tua voz, a me penitenciar da ousadia de roubar-te o sono,
deslizando minha volúpia em tua pele de palha e seda.
Amado meu! Homem dos meus delírios,
abençoado fruto de um pomar de sonhos,
que entra nos meus aposentos, nas mil e uma noites de sedução,
e expulsa a minha castidade e o meu pejo.
Percorre meu corpo e me torna escrava,
bebe dos meus licores e me açoita com o vigor e a maldade.
Escolhe-me entre as santas e as madalenas, mulher de desejos e obediências,
comando e servidão, para conceder-me, enfim, o indizível prazer
de te ouvir vociferar meu nome!
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