sábado, 11 de dezembro de 2010

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CANTOS DOS CANTOS DE AMOR

Canto VIII
Lílian Maial


Por onde anda aquele por quem me deixei levar?
Aquele das promessas eternas, da fonte inesgotável de prazer,
das noites aquecidas pela luz do olhar singelo?
O que tem almofadas nas mãos, de acarinhar sentidos,
de aconchegar certezas, de apertar a carne.
Pastor de um rebanho de palavras desgarradas,
obedientes ao cajado dos lábios,
que encerram o segredo da minha vida.
Eu! A amada, a escolhida e benta dentre todas!

O que tem ânsia dos guerreiros cansados das batalhas,
por onde insinuo, sequiosa, os braços de repousar e ebulir,
e de encontrar a paz e a agonia eterna, sem alças ou grades,
envolta nos mistérios de um coração menino.

Eu, tua amada, a primeira e a derradeira,
a que deixou sua marca em cada pensamento
e em cada paisagem deserta, à tua procura, meu doce eleito!
Aquele, cuja boca selada me sonega os beijos, que me são bálsamo,
cujos olhos exprimem o conhecimento da felicidade e dos céus,
nuvens, onde mil anjos brincam de esconder o amor.

Eu, tua amada, a derramar lágrimas de sofrimento
pela ausência de tua voz, a me penitenciar da ousadia de roubar-te o sono,
deslizando minha volúpia em tua pele de palha e seda.

Amado meu! Homem dos meus delírios,
abençoado fruto de um pomar de sonhos,
que entra nos meus aposentos, nas mil e uma noites de sedução,
e expulsa a minha castidade e o meu pejo.
Percorre meu corpo e me torna escrava,
bebe dos meus licores e me açoita com o vigor e a maldade.

Escolhe-me entre as santas e as madalenas, mulher de desejos e obediências,
comando e servidão, para conceder-me, enfim, o indizível prazer
de te ouvir vociferar meu nome!

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