sábado, 4 de dezembro de 2010

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A Dama do Metrô - 28

Malu olhava pela janela. Plena primavera, chovia, a temperatura estava baixa, parecia inverno.
Como poderia dar o troco? E por que queria ela castigar Selene? Não sabia, eram perguntas que lhe surgiam aleatoriamente não significando nada. Apenas achava injusto o que Selene fizera. Como Andreus, o diretor não lhe dera retorno, resolveu almoçar. Pegou a bolsa e se dirigiu ao elevador. Qual não foi sua surpresa ao ver Aureliano.
- Ola, tudo bem?
- O que você acha?
- Que está tudo bem.
- E como pode estar tudo bem com o que me aconteceu?
- Bom, isso é algo que passará e, um dia, você lembrará como uma piada.
- É fácil falar. Não foi com você que aconteceu, não é?
Disse meio grosseiramente e desceu do elevador em passos largos. Se tivesse agido de outra maneira talvez nada teria acontecido como aconteceu. Mas o que fazer quando as ações tomam conta do ser sem pensar nas conseqüências? Agora se achava na obrigação em dar apoio a Aureliano e levantar a moral dele. Bom no momento nada poderia fazer, a não ser, almoçar. Entrou no restaurante e, achou estranho ao ver Aureliano almoçando sozinho numa mesa de canto. Fez seu prato e se dirigiu a onde ele estava.
- Posso me sentar com você?
- Até parece que tem só esse lugar, disse ríspido olhando para os lados.
- Preciso falar com você.
- Ah! é. Ou está me seguindo?
- Escuta, você tomou “Boa Noite Cinderela”, falou rapidamente e sentou sem esperar a permissão dele.
- O que?
- É, “Boa Noite Cinderela”, nunca ouviu falar?
- Sim, já ouvi, mas pensei que fosse boato.
- E eu sei quem te deu.
- Você é lógico.
- Não, claro que não.
- Então como você explica de eu estar nu no estacionamento sem saber o que tinha acontecido?
- Eu garanto que não fui, apenas queria uma aventura com você.
- Conheço sua fama, me falaram dela.
- Eu sei do boato que corre sobre mim. Por isso tomei todas as precauções possíveis para não ser pega em flagrante. Afinal, tenho que manter o mistério sobre mim. Sem um boato que lhe faça a fama, você desaparece, será um ninguém. Entende?
- Não entendo e, nem quero entender.
- Foi a Selene.
- O que? A Selene. Por que você acha que foi ela?
- Depois que sai, deixei você se arrumando no banheiro, vi um vulto entrando e, pela aparência era ela. Viu quando entramos e estava apenas esperando eu sair para dar o bote.
- E por que ela faria isso?
- Vingança.
- Vingança?
- É, vingança por ter tirado você dos braços dela.
- E como sabe disso.
- Bom, não dá para explicar, mas uma mulher sabe o que a outra tem em mente quando o assunto é homem.
- Obrigado, isso me deixa lisonjeado.
- Ela entrou, deu Boa Noite Cinderela e se aproveitou de você.
- Agora você está me chamando de otário, é?
- Não, não estou, você não estava em condições nenhuma de reagir. Estava mais para passivo do que ativo.
- Mas você gostou, disse olhando-a direto nos olhos.
- Claro, se não estaria aqui me preocupando com você.
- Bom... Não sei se devo falar... Mas é...
- Diga...
- Promete guardar segredo?
- Segredo, se é segredo para o seu bem até que posso, mas lembre se é segredo por que me contar?
- É que quero, como você sabe quem foi que me fez isso...
- Acho que só estou querendo levantar a tua moral.
- Ok, agradeço, mas escuta.
- Pode dizer.
- Lembro de todos os detalhes da nossa... Bem, você sabe...
- Da nossa transa, diga logo, não fique com rodeios.
- Está bem, da nossa transa. E posso lhe dizer que gostei muito.
- Então quer dizer que fingiu estar completamente bêbado.
- Sim e não, isto é, estava bêbado, mas não tanto que pudesse perder a memória. E quando você me deixou, fiquei um tempo parado curtindo todo aquele momento. E foi aí que a Selene entrou.
- O que?
- E posso te garantir que ela não estava com nenhum copo na mão.
- E por que você não revelou esse detalhe.
- Por dois motivos: primeiro, revelaria sua presença e, segundo, não queria passar por bobo ou idiota, sei lá o que. Entende?
- Entendo. Então como e quando ela lhe deu a bebida?
- Talvez, no momento em que me distrai, pois estivemos sentados à mesa, não lembra?
- Lembro. Então só pode ser nesse momento.
- E só fui me apagar quando ela entrou no banheiro, porque depois disso não lembro, realmente de mais nada.
- E o que você vai fazer a respeito.
- Do que?
- Disso tudo.
- Não sei, talvez nada.
- Não vai se vingar da Selene?
- Não sei...

pastorelli

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