sábado, 15 de janeiro de 2011

0

DEPOIS DA TEMPESTADE, O CAOS

Acabei de receber o impressionante depoimento de uma moradora de Teresópolis - uma das cidades da região serrana do Rio de Janeiro, castigada pelas chuvas do início da semana.

Eu, que já vinha sofrendo com a falta de notícias de amigos chegados, fiquei mortificada com o relato dessa mulher, tão aflito e desolador.

Normalmente nos comovemos com as águas violentas arrastando carros, móveis, casa e pessoas. Sofremos com o número de mortos e com os objetos pessoais, colecionados durante toda uma vida, com sacrifício, perdidos num único dia.

No entanto, poucos fazem ideia do que acontece em seguida: falta de luz (que implica em falta de geladeira ou freezer e a perda de tudo o que lá existia), de telefone (inclusive celular, pois a bateria não tem como ser recarregada), de internet, ou seja, falta de comunicação. As pessoas estão sem água (cortado o abastecimento pelo risco de contaminação dos corpos dentro dos rios), e sem comida (uma vez que a produção foi destruída) e as estradas não estão dando acesso para a chegada de caminhões de abastecimento dos supermercados.

A maioria dos moradores deixa suas casas a pé, pois as águas e a lama varreram tudo o que havia dentro delas, incluindo os carros, e se deparam com o horror: lama, fedor e devastação em cada esquina!

Há o cheiro insuportável dos corpos em putrefação, que chegam em caminhões, cerca de 60 a 80 por vez, ou levados pelos moradores que ainda possuem carro.

Nas ruas, corpos amontoados ou sob escombros inalcançáveis. Desfilam pés, braços e partes de corpos mutilados pela violência da correnteza, corpos passam boiando pelos rios.

É como um êxodo de guerra: helicópteros de todas as cores cruzando os céus às dezenas, sirenes a noite inteira, bandos de pessoas, sempre em silêncio absoluto, carregando suas crianças e seus parcos pertences, vergados sob o peso do que era possível carregar nas costas. Todos de cenhos franzidos, em estado de choque, passos arrastados, com histórias para contar de terrores inimagináveis.

Nas casas, a lama contaminada provoca diarréia e outros sintomas. E ainda há o perigo de todo o tipo de doenças. Muitos animais domésticos ficaram para trás, em casas abandonadas, sem comida ou água, ou no alto das ribanceiras despencadas, andando de um lado para outro, em desespero, sem conseguir descer.

Os poucos moradores que conseguem levar seus animais, quando chegam aos locais onde são recolhidos pela Defesa Civil, têm que deixá-los, pois não podem levá-los para os abrigos. Eles são, então, abandonados às dezenas, vagando pelas ruas, sem socorro, e certamente disputarão qualquer possível alimento com violência.

O pior do ser humano, infelizmente, também aflora nessas horas e as cidades estão sendo saqueadas, com pedestres apanhando nas ruas.

Mas há o outro lado, com o trabalho incansável e incessante das equipes de todas as procedências, trabalhando madrugadas adentro, no breu, na chuva, no risco. São os que liberam estradas, recolocam postes, levam e buscam moradores, doações, resgatam, tratam, socorrem. Não é um perfil de trabalho, mas de uma missão sem interrupção, enquanto não estiver concluída.

São repórteres chorando em frente às câmeras, por não suportarem a visão do que é indescritível.

E começa a faltar de tudo! Além de todo o básico, faltam: velas, fósforos, pilhas de todos os tamanhos, lanternas, pasta de dente, fraldas, absorventes femininos, medicamentos.

As prefeituras se mobilizam e compram todo o estoque das farmácias, mas, mesmo assim, não dão conta.

O mais necessário é água, muita água, muita água, muita água!

E já existem casos de leptospirose e de tétano, e o número vai aumentar exponencialmente nos próximos dias, pelo tempo de incubação. A população de ratos já nem se esconde mais, nestes locais mais atingidos: já fazem parte do cenário de caos. E os hospitais que ainda estão de pé, não têm leitos suficientes para a quantidade de doentes e acidentados que chega a cada minuto.

Tem chovido intermitentemente, embora não tão forte, mas as próximas previsões são assustadoras. O céu continua carregado. A alma também.

Há muito que fazer. Vamos começar.


*************



Veja como ajudar as vítimas das chuvas na Região Serrana do RJ
Locais que estão recebendo doações:

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) receberá as doações que serão encaminhadas à Defesa Civil para serem distribuídas às vítimas das enchentes. O posto fica na avenida Marechal Câmara, 370, no centro do Rio de Janeiro, e funciona de segunda a sexta-feira, das 10 às 17 horas.

Teresópolis – A prefeitura da cidade de Teresópolis, uma das mais atingidas pelas águas, abriu uma conta exclusiva para receber doações em dinheiro de qualquer valor. A conta corrente foi denominada SOS Teresópolis – Donativos e está disponível no Banco do Brasil, agência 0741-2, conta corrente 110000-9. Ainda em Teresópolis, há um posto no Ginásio Pedrão, na rua Tenente Luiz Meirelles, 211, no centro da cidade. Telefones: (21) 2741-7025 / 2741-1970 / 2742-1994 / 2742-7625

Petrópolis – Em Petrópolis, outro município muito atingido na serra do Rio, foram montados outros três pontos para doação. A Igreja Wesleyana, no Vale do Cuiabá; Igreja de Santa Luzia, na Estrada das Arcas; e no centro de Petrópolis, na sede da Secretaria de Trabalho, Ação Social e Cidadania. Telefones: (24) 2249-4337 / 2249-4221 / 2249-4222 / 2222-2071 / 2246-8954

Nova Friburgo – Na cidade de Nova Friburgo foram montados três pontos para doações. Um no Centro de Assistência Social, no centro da cidade; outro no 6° Grupamento do Corpo de Bombeiros, localizado na Praça da Bandeira, 1.027, bairro Vila Nova; e o terceiro na Sociedade Esportiva Friburguense, na avenida Doutor Galdino do Valle Filho, 35, no centro.

Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal – Todos os batalhões da Polícia Militar do Rio de Janeiro e a Polícia Rodoviária Federal começaram a receber, nesta quinta-feira, as doações para ajuda às cidades devastadas pelas chuvas. Os postos da PFR recebem alimentos e produtos de higiene pessoal e dois deles vão funcionar 24 horas – na BR-116, na altura do pedágio Rio-Magé, e na BR-101, no trecho Casimiro de Abreu. Os outros dois postos, na Rio - Petrópolis e na Rodovia Presidente Dutra, funcionarão das 8h às 17h. Telefones: (21) 2333-2568 / 2333-2369

Corpo de Bombeiros – 106 quarteis do Corpo de Bombeiros instalados em diversos municípios do Rio de Janeiro estão recebendo doações. A Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil pede que sejam doados água, alimentos não-perecíveis, fósforos, velas, isqueiros, e produtos de higiene pessoal. Não são necessários roupas e calçados, pois esses itens já estão sendo recolhidos e enviados para as vítimas por outros órgãos e entidades sociais.

Cruz Vermelha – As doações precisam ser entregues na sede na entidade, localizada na Praça da Cruz Vermelha, 1.012, centro do Rio. As pessoas que estiverem interessadas em ajudar a fazer o transporte do material arrecadado até a região serrana, também podem oferecer esse tipo de ajuda. Doações também são aceitas através do depósito na conta da Cruz Vermelha no Banco Real: agência 0201, conta corrente: 1793928-5.
A Rodoviária Novo Rio também montou um posto no piso de embarque inferior, que funciona das 9h às 17h, para ajudar na arrecadação. Telefones: (21) 2224-1941

Supermercados – A rede de supermercado Pão de Açúcar também montou postos de arrecadação em todas as 100 lojas do grupo no estado do Rio de Janeiro, que incluem os supermercados Pão de Açúcar, Sendas, Extra, Assaí e ABC Compre Bem.

Viva Rio – A ONG Viva Rio iniciou uma campanha de arrecadação de roupas e mantimentos em todas as unidades das Lojas Americanas e nas estações do metrô de General Osório, Siqueira Campos, Botafogo, Carioca, Glória, Largo do Machado, Catete, Central do Brasil, Saens Peña, Nova América e Pavuna. Outra possibilidade é levar as doações para a sede na Rua do Russel, 76, Glória, ou fazer depósito bancário na conta do Viva Rio: Branco do Brasil, agência 1769-8, conta corrente 411396-9 e CNPJ: 00343941/0001-28. Telefones: (21) 2555-3750 e (21) 2555-3785.

Shopping centers – Shopping centers do Grande Rio receberão doações a partir desta quinta-feira.

Bangu Shopping - Rua Fonseca, 240 - Bangu. Tel.: 2430-5130.
Carioca Shopping - Av. Vicente de Carvalho, 909 - Vila da Penha. Tel.: 2430-5120.
Caxias Shopping - Rodovia Washington Luiz, 2895, Duque de Caxias. Tel: 2430-5110
Passeio Shopping - Rua Viúva Dantas 100 - Campo Grande. Tel.: 2414-0003.
Santa Cruz Shopping - Rua Felipe Cardoso 540 - Santa Cruz. Tel.: 2418-9400.
Shopping Grande Rio - Rodovia Presidente Dutra, 4.200 - São João de Meriti. Tel.: 2430-5111
Via Parque Shopping - Av. Ayrton Senna, 3.000 - Barra da Tijuca. Tel.: 2430-5100.
Shopping Leblon - Av. Afrânio de Melo Franco, 290 - Leblon. Tel.: 2430-5122.

O Boulevard Shopping São Gonçalo, que faz parte de outra rede, também montou um posto de arrecadação, que funcionará no SAC, no 1o andar do estabelecimento.

Hemorio – Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti (Hemorio), localizado à rua Frei Caneca, 8, no centro do Rio, recebe doações de sangue. Pode doar quem tiver entre 18 e 65 anos, mais de 50 quilos e estiver bem de saúde. Basta levar um documento oficial de identidade com foto à sede do Hemorio, das 7h às 18h. Informações: 0800-282-0708
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro – O órgão arrecada alimentos não-perecíveis, água mineral, material de higiene pessoal, colchonetes e cobertores, entre outros itens, conforme lista de prioridade sugerida pela Defesa Civil. Todo o material arrecadado será entregue na unidade do Corpo de Bombeiros da Praça da República, no centro do Rio de Janeiro. Os servidores também estão sendo informados da urgência nas doações de sangue para reforço dos estoques do Hemorio.

Sesc/Senac e Fecomércio – As unidades do Sesc Rio e Senac Rio e a sede do Sistema Fecomércio estão coletando água mineral, alimento não-perecível, roupas de cama e banho, material de limpeza e de higiene pessoal e colchões para as vítimas.

As unidades do Sesc receberão as doações de terça a domingo, das 9h às 17h.
Fecomércio-RJ - Rua Marquês de Abrantes, 99, Flamengo, de segunda a sexta, das 9h às 18h
Sesc Copacabana – Rua Domingos Ferreira, 160
SescTijuca – Rua Barão de Mesquita, 539
Sesc Ramos – Rua Teixeira Franco, 38
Sesc Madureira – Rua Ewbanck da Câmara , 90
Sesc São Gonçalo – Avenida Presidente Kennedy, 755
Sesc Niterói – Rua Padre Anchieta, 56 – Centro
Sesc São João de Meriti – Avenida Automóvel Clube, 66 –
Sesc Nova Iguaçu – Rua Dom Adriano Hipólito, 10 – Moquetá
Sesc Teresópolis – Av. Delfim Moreira, 749 – Centro
Sesc Quitandinha (Petrópolis) – Avenida Joaquim Rolla, 2 – Quitandinha

As unidades do Senac Rio receberão as doações de segunda a sexta, das 9h às 19h e, aos sábados, das 9h às 12h.
Niterói – Rua Almirante Teffé, 680 – Centro
Copacabana – Rua Pompeu Loureiro, 45
Marapendi – Avenida das Américas, 3959 – Barra da Tijuca
Faculdade Senac Rio – Rua Santa Luzia, 735 – Centro
Botafogo – Rua Bambina, 107

Seja o primeiro a comentar: