- E então, Ângelo, meu guia, meu médico, meu amor, para aonde estamos indo?
- Ao enterro do primata, à sua dissolução em nós. Essa dor na angústia e a solidão dos grandes vagares cinzas das cidades verticais, de giz e argila, são a afronta da despedida. Serão violentas as guerras, a autodestruição minando povos, jovens... vamos enfiarmo-nos até o âmago do fosso, rastejando por rochas, maldizendo-nos da luz – essa valente entropia do Sol - do destino, do rútilo riscado de nossas sinas. Mesmo os que se levitam pelas águas e pelos corredores de ar.
Já não teremos platéias e em nós não haverão estrelas ou púlpito. A divindade será reclusa e cada qual saberá de sua pérola. Esse será o caminhar, o segundo sopro, uma revisão da mesma empreitada, da consolidação da consciência. Então essa consciência terá cumprido seu vagido de dor, de reconhecimento escorrido desde o instante em que a si visualizou. Terá levantado o primata e moldado a primeira imagem. Aquele que já não pergunta o nome e o informe das formas o seguirá. Estará fornecido dos mapas da navegação. Outros serão os limiares, as naves, as leis.
- Parece soberbo esse caminho de rosas e temores.
- O que somos ou o que viemos para ser conseguirá se levantar, ainda que confuso. Em algum futuro os descendentes desenharão as limitações e configurações de nossa linhagem.
- Raízes e vento...
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