Dona Maria chegou de mansinho, olhou o povo todo, olhou o marido nos braços de meu pai. Olhava, olhava, não entendia muito bem. Que estava acontecendo? Porque o Pedro estava ali, assim sem cor deitado no colo do patrão?
Ela então entendeu!
- Ai! Meu Deus! Pedro! Pedro! Pedro! Que lhe fizeram?
Os gritos de Dona Maria invadiam a madrugada. Os soluços eram fortes. Dona Maria era forte.
Não tão forte! Com o coração trespassado pelo tiro do homem de preto, Seu Pedro morreu! Trespassado pela dor, o coração de Dona Maria não aguentou. Morreu ali mesmo, com o braço passado no pescoço do marido no colo de meu pai.
O dia seguinte foi triste na fazenda. Era Domingo. Mas papai não levou ninguém para a missa. A tristeza de perder o peão, Dona Maria. A presença dos dois, mais de vinte anos, o abateu imensamente! Isso doía. Doía muito!
Eu que o diga. Como viver sem ir até a casinha branca do riacho? Aracê e eu ficamos abatidas, pensamos até em não ir mais até lá.
Que esperança! Lá estaríamos assim que nossa juventude deixasse passar a dor. Assim era a vida.
Mas papai, esse ficou muito tempo com a dor no coração. Dor maior porque nunca conseguiram prender o malvado que fez essa barbaridade. O homem sumiu como pó em dia de ventania. Nunca mais ninguém o viu e também nunca ninguém soube o porque do que havia acontecido. O homem havia aparecido na festa sem ser convidado. Ninguém o conhecia. Surgiu assim. Veio assim. Ninguém sabe de onde. Trouxe luto e tristeza. Foi só.
Existem pessoas desse jeito, que aparecem na vida das pessoas e só trazem escuridão, depois somem e deixam um rastro de dor.
Seja o primeiro a comentar:
Postar um comentário