sábado, 23 de julho de 2011

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Os Caminhos de Laura - Capítulo XXVII




Na manhã seguinte quisemos dar continuidade a nossa procura de parentes, antes de partirmos para outra Província onde estariam nossos afins da ala de minha mãe. Já estávamos prontas para o café da manhã quando bateram a nossa porta.
- Bom dia Senhorita! Precisamos de sua presença no saguão agora, se possível.
Era o subgerente do hotel.
- Bom dia! É sobre minha jóia?
- Sim Senhorita! E também de outras que foram dadas como perdidas nesses dias.
- Ok! Estarei lá em seguida.
Recomendei a minha filha que não saísse do quarto enquanto estivesse fora. Voltaria logo.
No saguão estavam reunidas muitas pessoas, talvez umas trinta, todas com cara de quem levantou muito antes da hora. Algumas conversavam entre si, outras apenas olhavam a porta por onde surgiam pessoas a todo instante. Um senhor muito gordo, com uma barriga avantajada e com o uniforme do hotel, cumprimentou a todos e se apresentou como sendo o gerente. Expressava-se em Italiano:
- Bom dia a todos! Sou o gerente do hotel. Tivemos nesses últimos três dias várias reclamações sobre perdas de jóias. Como são diversos casos e todos sobre jóias de algum valor, resolvemos fazer esta reunião para ver se juntando os fatos, nós tenhamos a chance de chegar a alguma conclusão mais acertada. Gostaríamos de iniciar pedindo aos senhores e senhoras, que fizessem os seus relatos os mais fiéis possíveis, do local da perda, da maneira como estavam usando essas jóias, quando as viram pela última vez. Temos aqui uma lista dos reclamantes, e de acordo com ela vamos fazendo as perguntas. Está me acompanhando nesta tarefa o detetive do hotel que orientará os senhores.
O detetive nos orientou a nos dirigirmos até a ala norte onde ficam as piscinas e um dos acessos aos salões de jogos. Lá existia uma sala com capacidade para todos os reclamantes, sem tumultuar o saguão. Fiquei por último na grande fila que se dirigiu para o local indicado. Quando quase todos já estavam fora do saguão, percebi que no balcão de recepção estava o cavalheiro bem vestido e charmoso aparentemente acertando suas contas. Instintivamente fiquei olhando para ele e percebi ser uma pessoa de meia idade, de cabelos castanhos com as têmporas grisalhas, olhos escuros e sagazes, porte atlético.
Fui ter com os demais na sala indicada pelo detetive. Na sala todos falavam ao mesmo tempo e estava uma algazarra. Em vão o detetive e o gerente do hotel tentavam organizar a confusão. Finalmente aos poucos as coisas foram se definindo, e pudemos prosseguir com as explicações do ocorrido com cada um.
Pela ordem, foi chamada uma senhora que disse ter perdido um colar de esmeraldas.
A segunda foi um colar de águas marinhas.
A terceira uma pulseira de ouro.
O quarto, um senhor que perdeu um relógio de bolso também de ouro.
E assim sucessivamente foram sendo colocados os fatos e as ocorrências de acordo com o tempo do acontecido. Eram várias jóias perdidas apenas em três dias. Muitas mesmo! Seriam as pessoas tão desleixadas assim com seus pertences de valor tão alto? Afinal não havia nenhuma jóia ali de baixo valor. Talvez a minha fosse a única de menor valor. Quem sabe?
Prestando atenção nos depoimentos, percebi que todas as pessoas falavam que estavam com a jóia e de repente percebiam não estar mais com ela. Como se alguma coisa invisível a levasse sem ninguém ver. Como aconteceu comigo. Desci com a pulseira, e sem dar pelo fato ela sumiu, assim sem mais nem menos.
Depoimentos feitos voltaram todos para os aposentos, ou para o café da manhã.

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