segunda-feira, 25 de julho de 2011

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Os Caminhos de Laura - Capítulo XXVIII

Aproximei-me do detetive para lhe pedir alguma ajuda sobre a missão que nos trouxe à Itália. Muito educado ele explicou que os Italianos, de modo geral, são de poucas conversas quando se refere a parentes ou pessoas que se dizem parentes. São reservados em suas identidades e não gostam de descobrir que têm descendência ou ascendência em outros países. Desconfiados ao extremo! Mas que ele faria algumas perguntas a algumas pessoas certas, e talvez pudesse nos ajudar.
Despedi-me dele agradecendo seu interesse e fui ter com minha filha, que há esta hora já estava com uma fome de leoa. Após o desjejum saímos pela cidade apenas para apreciar as coisas lindas de Milão. Passamos o dia rodando as ruas de comércio olhando lojas e mais lojas.
Chegamos exaustas ao hotel. Ao solicitarmos as chaves, junto havia dois bilhetes. Um era do detetive dizendo que conseguira um contato que poderia nos ajudar. O outro era da gerência dizendo que haveria mais uma reunião sobre as jóias sumidas, no dia seguinte pela manhã na mesma sala da reunião anterior. Esqueceram de especificar o horário então voltei à recepção para esclarecer. Quando me aproximei fiquei admirada ao perceber que a mulher que vira na piscina dois dias antes - aquela do cabelo laranja - estava sentada no sofá do saguão acompanhada pelo cavalheiro simpático e elegante que esbarrara em mim. Pensei, ele não estava acertando as contas afinal, enganei-me na dedução pela manhã. Parei e inconscientemente fiquei olhando para os dois como se houvesse algo errado. Mas é lógico que não havia nada errado! Apenas duas pessoas que se conheciam estavam conversando sentadas lado a lado. Esclareci minha dúvida no balcão, e fui procurar o detetive que prometera me dar uma luz para encontrar os supostos parentes. O bilhete dizia que ele estaria nos esperando em sua suíte no último andar do prédio. Ao entrarmos no elevador, o senhor elegante e a senhora de cabelo laranja chegaram apressados e entraram também. Apertamos o botão do último andar e os dois permaneceram em silêncio sem apertar nenhum botão. Deduzi que iriam para o mesmo lugar que nós.
- Mamãe! Vou ficar no quarto esperando você voltar, posso? – perguntou minha filha esperançosa em poder explorar Milão da janela panorâmica de nossa suíte que dava para uma vista linda da cidade.
Assenti e apertei o botão do andar de nosso quarto. Quase imediatamente o elevador parou. Minha filha saiu para o corredor e o casal apertou o botão para dois andares acima e saíram logo depois.
Demorei mais ou menos uma hora conversando com o detetive sobre meus assuntos, e quando cheguei ao quarto minha filha não estava. Chamei, fui até a sacada que estava aberta, olhei em todos os cantos. Nada.
Saí para o corredor e perguntei a uma das camareiras se havia visto minha filha. Ela respondeu que havia saído com uma mulher ruiva pelas escadas. Mulher ruiva? Imediatamente me veio em mente a mulher do cabelo laranja que estava com o cavalheiro elegante. Por que minha filha sairia com ela? Não a conhecíamos nem nunca tínhamos conversado com ela.
- Tem certeza? – perguntei à moça.
- Sim. Saíram há pouco.
Desci as escadas correndo por onde a moça dissera que foram. As escadas eram largas e recobertas por um largo tapete vermelho, e cada lance da escada terminava em um pequeno hall com sofás brancos onde as pessoas sentavam para uma leitura, ou simplesmente para um pequeno descanso nas tardes calorentas. No primeiro lance estava uma senhora idosa e gorda, perguntei se havia visto uma menina com short jeans e camisa branca com uma mulher ruiva. Disse haverem passado há poucos minutos e foram em direção ao elevador. Corri para o elevador e desci ao térreo. Fui ao saguão e não as vi. Fui até a piscina e lá estavam as duas conversando como se fossem as melhores amigas, acomodando-se em uma mesa em frente ao barzinho. Embora estivesse preocupada ao extremo, isso não impediu que minha raiva subisse. Como minha filha, sempre bem orientada para não conversar com estranhos, havia saído do quarto, descido primeiro pelas escadas, depois pelo elevador com alguém que nunca vira antes?

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