quarta-feira, 10 de agosto de 2011

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Os Caminhos de Laura - Capitulo XXXIV

Quando nossas mãos se tocaram, foi como uma descarga elétrica a passar da mão dele para a minha, daí para o meu braço e aí direto para minha alma. Fiquei tremendo com a mão na dele, os olhos nos dele, e, incrível, ele também ficou sem falar nada, olhando fixamente em meus olhos. Não sei o tempo que ficamos assim, parados, com as mãos num cumprimento, mas os olhos hipnotizados em um olhar profundo sem expressão, mas cheio de significado.
Saímos do torpor e do enlevo para o zum zum das conversas, que misturadas ao som da música e a algazarra das crianças, virava uma verdadeira balbúrdia.
- Venha! Vamos conversar - disse o moço a minha frente puxando-me delicadamente pela mão.
Eu o segui, sentindo sua mão na minha num toque delicado, mas ao mesmo tempo firme ao direcionar nosso caminho por entre o povo. Chegamos a uma espécie de sala de estar improvisada, e gentilmente ele levou-me até um sofá que estava em um canto.
- Bem! Espero que aqui possamos ouvir o que temos a dizer um ao outro! - disse ele suavemente.
- Sim! Espero! - disse eu olhando a porta para ver se minha filha havia me seguido.
E como resposta surgiu ela e a primeira dama na porta por onde entramos. Não entraram na sala, a Primeira Dama puxou-a para o lado e disse, fiquem a vontade, nós vamos arrumar lugar para almoçarmos. Esperamos vocês lá. E saíram as duas sem olhar para trás.
Sentamos no sofá e ele falou: 
- Não sei se você sentiu a mesma coisa que senti! Mas foi como uma descarga elétrica vindo de sua mão até meu coração!
Eu simplesmente sorri. Iria soar falso dizer o que sentira no momento que sua mão tocou a minha. Mas meu sorriso lhe disse tudo.
- Quero saber seu telefone, ou alguma forma que possa entrar em contato com você. Não quero perdê-la de vista, e nesse momento preciso ir ao encontro de meu pai para o discurso de boas vindas ao povo, ele quer que eu esteja ao lado dele para isso.
Fiquei em silêncio.
- Diga-me uma forma de encontrá-la.  Não me julgue mal. Realmente preciso ir, mas quero continuar nossa conversa depois com mais calma.
- Sua mãe pode lhe dizer! Somos amigas.
Então satisfeito levantou-se e tive de levantar também, pois sua mão ainda estava na minha. Dirigimo-nos para o local onde estava minha filha, dona Naná e alguns amigos. Quando nos viram, minha filha e dona Naná vieram a nosso encontro.
- Meu filho - disse dona Naná - seu pai o espera, deixe Laura conosco, cuidaremos bem dela! - e falando olhava para nossas mãos ainda entrelaçadas.
- Sim, sim, mamãe! Já estou indo! - e virando-se disse suavemente, com doçura infinita em meu ouvido - Não quero perdê-la, por favor! - e saiu apressado.
Minha filha chegou bem perto e falou baixinho:
- Mamãe! O que "o pedaço de homem" lhe falou tanto? - disse ela debochando de minha conversa com ela antes da apresentação.

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