quarta-feira, 23 de novembro de 2011

0

A Dama do Metrô 61


Malu tinha remexido em quase todas as roupas existentes naquele sórdido quarto. Abriu o guarda-roupa, vasculhou o seu interior e não viu nada que lhe interessasse. Já estava se dirigindo para a porta quando ouviu uma voz esganiçada berrando.
- Lá vem àquela bichinha escrota – pensou.
Nisso a porta foi aberta com estrondo e entra Ronildo esbravejando impropérios dirigidos a alguém que Malu não conseguia ver. Assim que a viu, mudou o tom de voz, e falou no tom natural.
- Desculpe, Malu a gritaria, mas com essa cambada de veados que não sabem fazer nada só funciona aos gritos.
Beijou-a nos lábios e continuou a falar.
- A vagabunda da Nilsinha te trouxe aqui? Aquele incompetente, não sei por que a aturo, só quer saber de fuder os outros e boquete, nada mais. Vamos, venha comigo que lhe arrumo algo decente.
E sem esperar alguma reação por parte dela, pegou-a pela mão e saíram do quarto.
- Esse lugar é despejo dos trouxas, jogam as roupas que não querem mais, depois mando lavá-las e dou aos pobres.
O corredor estava vazio, passaram por três portas e na quarta, entraram.
- Pronto aqui está melhor.
Realmente, Malu viu um quarto arrumado, limpo e bonito. Desorientada ficou parada sem saber o que fazer, se sentava ou dava meia volta e sai daquele lugar. Ronildo percebendo o embaraço dela, abraço-a arrastando-a até o pequeno sofá que estava no canto esquerdo do quarto. Era o lugar mais iluminado com um abajur grande todo enfeitado de vermelho, roxo e cor-de-rosa.
- Você não está entendendo nada.
- Infelizmente ou felizmente não estou mesmo. Afinal onde estamos e quem é você?
- Bom eu sou o Ronildo que você conheceu no metrô.
- Não parece não com esse traje dark de bicha de segunda categoria.
- Deixe-me explicar – disse sentando ao lado dela.
- Acho bom mesmo.
- Bom o Ronildo que você conheceu é um pequeno empresário que durante a semana trabalha duro para que sua empresa lhe renda algum dinheiro. Não quero muito não, o suficiente para viver e me divertir. E graças a Deus, se ele realmente existe, a empresa está indo muito bem, dando-me condições de fazer essa brincadeira uma vez por mês.
- Quer dizer que uma vez por mês você se transforma num aparato desmunhecado de uma figura horrorosa?
- Isso mesmo, mas não vamos esculhambar, né.
- Sou convidada para uma festa e o que encontro é um bando de desmiolado e repugnante.
- Olha aqui está o que guardei para você. Vista e vamos nos divertir que durante a noite a gente vai conversando.
Malu abriu o pacote que ele lhe dera. O que viu foi um belo traje preto, não de couro, apenas em algumas partes do vestido e que se via umas tiras de couro, meio longo, dando um ar de dark chique.

pastorelli

Seja o primeiro a comentar: