segunda-feira, 28 de novembro de 2011

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Dois anos e a Palavra

Todas as iniciativas voltadas para a promoção/divulgação da literatura e das artes, de maneira geral, são sempre dignas de aplausos e reconhecimento.
Indo além, Letras & cetera abriu as portas para autores que não possuem (ainda) o merecido reconhecimento de seus trabalhos, descortinando-lhes um mundo de possibilidades e aproximando autores e leitores num espaço sereno, harmônico, livre e de nível acima da média. Tenho muito orgulho de fazer parte deste grupo e percebo que, neste segundo aniversário, Letras & cetera é nosso presente.
Agradeço por ter sido recebida com tanto carinho e por me sentir valorizada naquilo que me é tão caro, que é a minha poesia, e que deixo aqui, como forma de gratidão.
Beijo grande e parabéns,
Lílian Maial


ETIMOLOGIA
Lílian Maial


O sussurro do vento
frágil bálsamo da morte
como um étimo
atravessando a noite.

A palavra projeta-se no silêncio
da pedra
um gorjeio mouco
um gesto parco.

E a morte paira sobre a chaga
numa despedida sincera
de pegadas de fogo.

O verbo incinerado calcina a veia
onde o sonho coagulado trombosa a manhã.

Nas cinzas do verso
há a nesga de quietude.
Um pálido sol esquadrinha o depois,
a vida e o tempo.

Não! Não há paz na morte e na calmaria.
O beijo cálido da palavra é vida
e a vida é sina de raiz e semente.

O alumbramento se dá no ventre da poesia
fecundo direito
doutrina de origens
parto.

A paz beira a loucura
da hora e da pedra.

Carece o hoje de inferno e grito.
A palavra salta da garganta para o eco
na aridez do cacto
à procura de seu lugar.

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