I - A PASSAGEM
5.
- Transcorreram esses anos no encontro do paredão, que assentado na crosta, é rijo nos seus movimentos e liberta primeiro o olho da mente do mago para o reconhecimento do terreno. Fui feito em terra de ombros escurecidos e extensos, sem parcimônia. Mas quando namoro a vegetação rarefeita da escarpa fechada são mais coloridas as flores do meu jardim.
- Alonso, ao abrir os sótãos da mente, você pode debruçar-se ao canto do rio, ou quedar-se no poleiro do pássaro. Tua morada estará entre o desafio e o conhecimento da passagem.
- E Amadeu também não é homem de vistas enviadas para além do coração ?
- Desfiz as armadilhas quando me esqueci da estima da maciez e seus adornos. Quando emergimos do inicio da espécie poucas alegorias podem estreitar-nos em dúvidas senis.
- E conformou-se ?
- Conformado? Sim, da aspereza aérea, fecunda e solar, desértica ou à sombra. Nasci em pouso de pouco enfeite, mas com luxúria evidente. Solo dos que não perdoam e pouco esquecem.
- A grama não se escondia e o Sol nunca negou guarida.
- É isso. Sempre era possível namorar duas estrelas ao dia e contar a ausência da lua em uma escuridão ofuscada por alguma garantia de luz.
- As estrelas revezavam-se na guarda da sombra.
- Com precisão.
- Assim estreitam-se as mentes que desconhecem a angústia da noite.
- E sabem explodi-la no dia.
- Na terra de meus fundadores a noite e a selva emergiram douradas para um céu de azul e cinza, nuvens altas e estrela vermelha. Aéreos devotos circulavam em torno do altar, livros e reverências não tinham astúcia, mas efeito.
- Facilmente arrancam-se os gênios das leis e das luas em mundos assim.
- À contento.
- E voltarás?
- Apenas quando se fizer em mim o reinicio dos fatos. Partirei desnudo do belo solo selvagem que me acolheu. E que não duvidem aqueles que erguerem brindes à minha partida. Voltarei, quantas vezes se fizerem necessárias, para controlar-lhes o descontrole de armas e namorar os desertos e as aves que se entregaram à minha espada.
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