D.R.O.P.S.
Aquele
lugar parecia reprimir o pranto. Não que fôssemos proibidos de chorar, isso
ninguém poderia tirar de nós. Nunca. Mas a sã consciência, aquela que ainda nos
resta, não o permite. Pois então, em lugares como aquele, o mais lúcido a fazer
é fingir estarmos bem, mesmo que dilacere. Há certas coisas que se limitam aos
fatos.
Naquele
lugar era como se por alguns minutos as grades fossem transportadas para dentro
de nós. E barrassem o choro. Como tudo o mais – a intimidade, o bem querer, o
sorrir, o amar. Barravam o tempo – nosso tempo. E também a nossa existência,
nossa significância para o resto do mundo. Tornamo-nos miseráveis no silêncio.
Derramamos lágrimas secas.
Mas
os dias tornaram-se breves, e a rotina longa. O pranto perdeu seu pudor, enfim.
Encheu nossos olhos entorpecidos,
incansáveis, impermeáveis. Magnificamente transbordantes. Foi o tempo que trouxe
as lágrimas, previsão de chuva em nossos corações amaldiçoados. E a noite trouxe
a chuva, grandes temporais sobre os travesseiros.
Mas ainda é difícil chorar…
Mariela Mei é toda verso e prosa. Formada no divã e na escrivaninha. Escreve para existir. Bloga em http://gracadesgraca.com .
1 Comentário
Ai que angústia !!!! Lindo!!!!!
Deu aperto só de ler!
beijo
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