quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

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CONTAÇÃO - "D.R.O.P.S." (por M.Mei)





D.R.O.P.S.


Aquele lugar parecia reprimir o pranto. Não que fôssemos proibidos de chorar, isso ninguém poderia tirar de nós. Nunca. Mas a sã consciência, aquela que ainda nos resta, não o permite. Pois então, em lugares como aquele, o mais lúcido a fazer é fingir estarmos bem, mesmo que dilacere. Há certas coisas que se limitam aos fatos.

Naquele lugar era como se por alguns minutos as grades fossem transportadas para dentro de nós. E barrassem o choro. Como tudo o mais – a intimidade, o bem querer, o sorrir, o amar. Barravam o tempo – nosso tempo. E também a nossa existência, nossa significância para o resto do mundo. Tornamo-nos miseráveis no silêncio. Derramamos lágrimas secas.

Mas os dias tornaram-se breves, e a rotina longa. O pranto perdeu seu pudor, enfim.  Encheu nossos olhos entorpecidos, incansáveis, impermeáveis. Magnificamente transbordantes. Foi o tempo que trouxe as lágrimas, previsão de chuva em nossos corações amaldiçoados. E a noite trouxe a chuva, grandes temporais sobre os travesseiros.

Mas ainda é difícil chorar…





Mariela Mei é toda verso e prosa. Formada no divã e na escrivaninha. Escreve para existir. Bloga em http://gracadesgraca.com .

1 Comentário

NDORETTO

Ai que angústia !!!! Lindo!!!!!
Deu aperto só de ler!
beijo