segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

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A Dama do Metrô 62











Olhou-se no espelho. O resultado até que não estava de todo ruim. Precisava apenas acentuar a maquiagem deixando-a um pouco mais pesada. Foi o que ela fez. Entraram na pista de dança de braço dados. Dançaram quase a noite toda entre os mais variados e esquisitos tipos que ela nunca pensaria ver. Houve um momento em que precisou ir ao toalete. Para tanto tinha que passar por um corredor sombrio, mais escuro que a pista de dança. O que viu constatou, perante aquele pessoal era uma santa, não podia ser acusada de pecadora. Havia pelo corredor todo, casais na maior naturalidade abraçando, beijando, homem com homem, mulher com mulher, mulher com homem e homem com mulher e tudo o mais. Ao chegar a porta do toalete, precisou pular por cima de duas mulheres abraçadas, rolando pelo chão, praticamente nuas.

Ao voltar não encontrou Ronildo onde o deixara. Foi encontrá-lo bebendo no balcão abraçado ao um rapaz que ostensivamente o acariciava. Malu sentia-se enjoada de tudo aquilo, a princípio viu como interesse, com curiosidade quase carnal pela diversidade de tipos e pelos modos de agir e de se vestir. Mas isso tudo foi tomando um certo pavor em suas entranhas que, revelou não querer mais isso, que não era o que esperava. E que, até agora, Ronildo se demonstrou apenas um idiota que se entregava aos instintos da sexualidade perniciosa.
Por isso, com a maior naturalidade, sem se importar com o rapaz que o acariciava, enfiou o braço no braço dele dizendo.

- Por favor, me leve daqui. Vamos para um lugar onde possamos ficar a sós por uns momentos.

Ronildo se desvencilhou do rapaz, dando-lhe um beijo.

- Vai querido, depois conversamos.

Encarando Malu, perguntou quase num tom irritado, mas que conseguiu controlar.

- O que foi? Não está se divertindo?

- Estou, sim.

- Então?...

- É que esperava outra coisa.

- Que eu fosse machão e não afeminado como me vê, não é?

- Bem um pouco é isso também.

- Porque você não deixa seu lado masculino aflorar?

- Não vem com esse papo freudiano, ou seja o que for por cima de mim que não é hora e nem momento apropriado para se encarar filosofia barata.

- Uhm, estou vendo que está zangada.

- Zangada não, frustrada e chateada.

- Você é uma burguesa de classe média que não se sabe se soltar Oh! mina se libera, deixe sua fantasia lhe dominar, curte a noite como se fosse a última noite de sua vida. Vou por você num táxi e depois te telefono, está bem?

- Acho melhor, mesmo.

pastorelli

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