Enquanto caminhava, a cabeça cheia de questões sem resposta, Gabriel começou a se sentir estranho: uma ligeira dor na barriga, coisa para ele desconhecida até então. Daí que se lembrou do café da manhã providenciado por Aldo, dos pães, ovos. Sim, e o que a princípio era uma ligeira dor de barriga rapidamente foi se transformando numa bruta caganeira — e ele não sabia lidar com aquilo. Subitamente seus passos se apressaram, a coisa ficando cada vez mais insuportável. Precisava de um banheiro.
Começou a correr, o suor lhe escorrendo pela face, à procura de qualquer lugar que servisse para se aliviar. Não pensou duas vezes para entrar na primeira porta aberta que viu: um bar. Procurou por alguém para lhe indicar o banheiro, mas não encontrou, de maneira que acabou achando sozinho. Um lugar sujo e fétido, as paredes pichadas com palavrões e desenhos coloridos, um inferno repleto de moscas. Mas, tão logo se sentou, todo aquele inferno se transformou em uma espécie de paraíso, e Gabriel experimentou pela primeira vez o prazer.
“Pelo visto, o Supremo me transformou mesmo em humano”, pensou ao sair. E riu. “Acho que daqui pra frente as coisas encrencam de vez...”
Antes de deixar o bar, Gabriel notou um aparelho de televisão ligado. Como não havia mais ninguém por ali, ele tomou a liberdade de se aproximar. Sentou-se numa banqueta ao lado do balcão e pôs os olhos nas imagens em movimento, que começaram a tremer e chuviscar. Do meio dos chuviscos começou a surgir, então, uma névoa que acabou por se transformar em um rosto bem familiar a Gabriel: o Supremo.
— O que achou da sua primeira experiência como humano? — falou o Supremo, cínico, o charuto queimando entre os dedos.
— Uma merda — respondeu Gabriel, sarcástico.
“Pelo visto, o Supremo me transformou mesmo em humano”, pensou ao sair. E riu. “Acho que daqui pra frente as coisas encrencam de vez...”
Antes de deixar o bar, Gabriel notou um aparelho de televisão ligado. Como não havia mais ninguém por ali, ele tomou a liberdade de se aproximar. Sentou-se numa banqueta ao lado do balcão e pôs os olhos nas imagens em movimento, que começaram a tremer e chuviscar. Do meio dos chuviscos começou a surgir, então, uma névoa que acabou por se transformar em um rosto bem familiar a Gabriel: o Supremo.
— O que achou da sua primeira experiência como humano? — falou o Supremo, cínico, o charuto queimando entre os dedos.
— Uma merda — respondeu Gabriel, sarcástico.
3 comentários
Excelente narrativa; Gabriel nas asas do mais humano dos desejos.
Obrigado, André!
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