A missão de Leandro

Sônia Pillon

Leandro chegou à manifestação determinado.Queria estimular as pessoas a também empunharem a bandeira da igualdade e da cidadania para todos. Em sua cadeira de rodas, se apressou em marcar presença na Câmara de Vereadores de Guaramirim, mesmo com aquele sol abrasador.A passeata foi encabeçada pela Apae,que compareceu em peso, ao lado das demais escolas da rede regular de ensino. O chamamento à participação também foi respondido por outras entidades e por pessoas conscientes do direito à inclusão e à acessibilidade.
A figura magra e aparentemente frágil daquele que aos 19 anos passou a presidir o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e a Associação dos Deficientes Físicos de Guaramirim, se agigantava perante os demais. A fala mansa de Leandro Venâncio era ao mesmo tempo firme ao informar sobre leis, dados e reivindicar adequações físicas no acesso às calçadas, estabelecimentos comerciais, instituições públicas...
Com naturalidade, ele contou que sua paralisia foi adquirida há três anos, no balneário de Itajuba, quando mergulhou no mar e bateu num banco de areia. A paralsia o impediu temporariamente de concluir o ensino médio, por causa da falta de acessibilidade, mas não o fez desistir de suas metas.
- Quero fazer Direito!, afirma, com brilho no olhar. - Nossa maior briga é para que os órgãos públicos e privados façam adaptações para os cadeirantes. Na batalha pelo cumprimento das leis de acessibilidade, representa o município e a região em encontros estaduais e nacionais. Em dezembro, representará a macrorregião Norte na Conferência Nacional, em Brasília.
- Estou satisfeito com a mobilização. É com os alunos das escolas que vamos conseguir trabalhar contra o preconceito, quebrar barreiras para a inclusão. "Que lição de vida para todos nós!", pensou Maria. * Crônica produzida em agosto de 2008.

PILLON, SÔNIA, Crônicas de Maria e outras tantas: um olhar sobre Jaraguá do Sul, p.26, Design Editora Ltda., 2009, ISBN 978-85-60332-48-9.