domingo, 4 de março de 2012

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Fogueira & A Caixa, dois minicontos

Fogueira* 


Antigos amantes, bruxa e inquisidor se encontram no cárcere.
— O fogo libera a tua alma — ele diz.
— E o desejo aprisiona o teu corpo — ela responde.
Mais tarde o Santo Ofício queima a bruxa. Mas quem arde é o inquisidor.












A Caixa
 
A caixa é pequena: menos de um metro quadrado. Mas tem me sustentado há mais de 20 anos.
Eu faço assim: chego na cidade, alugo um teatro modesto e espalho cartazes com uma fotografia colorida da caixa pelos postes. Em vermelho, uma frase bem simples: “O que será que tem dentro da caixa?”.
É o suficiente para lotar o teatro. A cada uma das 100, 200 pessoas eu falo: “Não é fantástico? Nunca vi coisa tão genial dentro de uma caixinha!”.
Com medo de serem consideradas insensíveis a tão refinada manifestação artística, as pessoas todas concordam. Algumas até acrescentam: “É mesmo! O conteúdo da caixa é impressionante!”.
Impressionante são as pessoas, eu diria. Mas isso não vem ao caso agora.













A ilustração utilizada em FOGUEIRA veio DAQUI

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