segunda-feira, 5 de março de 2012

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QUASE de Adelina Velho da Palma


QUASE

Quase que nasci com boa estrela
mas um cataclismo ensombrou-a...
Quase que cresci com face bela
mas uma cicatriz desfigurou-a ...
Quase que lacei com minha trela
o melhor partido de Lisboa...
Quase que ouvi da minha janela
a mais doce voz que o ar ecoa...
Quase que minha mente singela
desenvolveu ciência da boa...
Quase que fui para a Venezuela
mas um golpe de estado afastou-a...
Quase que dei uma escapadela
mas minha asa é curta e não voa...
Quase que fiz loucura daquela
mas faltou-me fibra de leoa...
Quase que acendi a minha vela
mas um vento forte apagou-a...
Quase que montei na minha sela
mas o meu cavalo rejeitou-a...
Quase que pintei a minha tela
mas a tinta usada esborratou-a...
Quase que recolhi a uma cela
mas ao transpor a porta Deus fechou-a...

P’ra tudo tive uma boa base
mas deixei escapar a melhor fase...
Será que vivi mesmo, ou foi só quase?!...

1 Comentário

Anônimo

Excelente!