quarta-feira, 25 de abril de 2012

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As Mudanças e as Lembranças: “Cientistas no Divã”

Mudança e lembrança são palavras de que gosto muito. São significantes, porque sendo inevitável lembrar que o livro é patrimônio cultural, logo sinto que ler é desejo que gera a mudança e, ainda, faz-me entender a situação da fala e escrita do autor. Então, vivo cada minuto desvendando verdades ocultas ao ler os ensaios de Gilberto R. Cunha, em Cientistas no Divã. É livro com o potencial de um universo sem fronteiras, onde o autor utiliza-se da realidade para apresentar suas impressões sobre o mundo. Saliento as lembranças e mudanças para demonstrar cada passo e ação do escritor que não para de propor novos questionamentos e reflexões ao leitor. Lembrança: Gilberto Cunha não escreve sobre o que não sabe. Gaúcho, agrônomo e pesquisador é o autor do livro Cientistas no Divã, de 2007. Mudança: ele é a porta de entrada no mundo da ciência, como construção cultural, através da coletânea onde seus ensaios conVersam com o leitor sobre os sentimentos que, segundo o autor, muitas vezes, prevalecem sobre a razão. Gilberto faz questão de mostrar uma realidade científica com seus fatos relacionados e fundados em descobertas, como diferencial para a reflexão e a interpretação do leitor. “Entre os maiores desafios dos seres humanos estão compreender os sentimentos, falar sobre os sentimentos e manipular os sentimentos.” Lembrança: Gilberto Cunha se converte em personagem com ideias e provocações ao narrar textos recheados de temas agrários e os comparar ao “amor sem limites”, isto é, escreve sobre a emoção que fala mais alto do que a razão, podendo impedir a nítida visão dos acontecimentos. Ainda, alerta em Ética na Agricultura que estamos diante de nova era agrícola. Com estilo envolvente, em Teoria da Fome, retrata a realidade que, até hoje, se sabe triste, como refletida por Norman Borlaug, quando de visita à Passo Fundo, “as pessoas famintas se tornam pessoas raivosas; elas não compram alimentos, elas compram armas”. Mudança: Gilberto pergunta, “Como produzir alimentos em quantidade suficiente e garantir que todos tenham acesso indistinto aos mesmos? Ele mesmo responde que, “... assegurar o direito a uma alimentação de qualidade para todos...vai ter de contar com o envolvimento de toda a sociedade, uma ampla mobilização.” Para defender a tese de que, mesmo num mundo de incompreensão entre os sentimentos, as contradições e o sistema político, o autor registra credos diferentes, nos ensaios: “Razão & Fé”; “O preço da Opinião”; “Que é vida?” e “Que é um intelectual?”, que estão a um passo da nossa reflexão ao nos engrandecer com sua análise crítica dos fatos. Lembrança: Gilberto Cunha é escritor que contextualiza a época em que o mundo se preocupa, tão somente, com a provocação entre as diferenças e a não busca pela essência da vida com qualidade. Mudança: Nesse cenário literário, vê que o mundo não é tão civilizado como se pensa ao se manifestar nas relações cotidianas: ”processo de mutação que cria o novo e destrói o velho.” Nas palavras de Schumpeter, “Ninguém se destaca a não ser que faça diferença na vida das pessoas”. Com certeza, Gilberto Cunha se destaca como marco, em razão do que apresenta em sua obra: a naturalidade de uma conVersa que, em seus textos, nos aproxima da razão em relação à obra impecável, na forma e conteúdo e na qualidade literária. Lembrança: Cientistas no Divã reflete o tempo como lembrança e a consciência da visão, na preocupação para com o futuro e no transfigurar e transgredir a realidade como mudança.

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