quarta-feira, 18 de abril de 2012

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A DANÇA DOS ARCOS 11 - JANDIRA ZANCHI



11.
     A auréola da tarde esbranquiçada, pupila do ritual das boas vontades, acoplada ao círculo, ainda gemia novas facetas na areia. Atílio e Amadeu abraçaram aquela galhardia de inocência.
-         Cruzaram-se, na insolência do Norte, muitas das espadas livres – começou Atílio. Nos umbrais das florestas, esclarecidas de espumosos silêncios, traçaram-se os açoites da mente.
-         Ainda que insuficientes, – lembrou Amadeu – deitaram ao largo o prenúncio da atitude.
Era no vácuo que se amanceba o primeiro sonho. Aquele que não se mede pelo confronto, nem pela rudeza do sacrifício. Elevado e plano, circula o Templo, amparando-se no Sol e no prazer da lua.
-         O espírito só compreende as vertigens do dia quando ao longe de si mesmo. Sem vergar o manto do sábio, corresponde ao seu anjo, vislumbrando o amparo do Corpo – e Atílio abria as marítimas respirações dos santos.
-         Vão e vem as luas dos belos cantos – sorriu Amadeu. Espaçam-se em torno da espiral, elípticos e formosos de nudez.
-         Enquanto se forma o Corpo nadam, esses cantos, em maviosas marés, fortuitas fortunas, miseráveis descaminhos.
-         A luz é sempre amparada na sombra, criatura solvente e desanuviada, atenta às batidas dos espirros do destino.
   Espiavam, nos grandes furacões de vento, as insípidas formas do homem. Aqui e ali respingavam suas frestas de ouro e céu, aquelas que não resvalavam nas fronteiras do caos. Essas podiam vazar-se nos sussurros valentes e generosos. Era solene a noite dos ascendidos.

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