sexta-feira, 20 de abril de 2012

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Pequenas histórias 01







 
A vida tritura os átomos do corpo que, aos poucos, se desintegra no parapeito da janela caótica da vida. Corre perigo de ficar parado no meio do mundo esquecido dos passos que já foram pressionados na calçada da angustia e dos passos que ainda há para serem pressionados na calçada da dúvida.
           Em seu semblante não há desespero, pois sabe que desespero não vai lhe adiantar nada, apenas será arrastado cada vez mais ao abismo que todo esse tempo vem fugindo, por isso em sua face está estampada a cor do mármore, branco e frio.
Raramente sorri, e quando sorri é escondido, afastado da alegria de simplesmente não se envolver em emoções que, exposta a vista de olhares estranhos, não lhe dizem respeito.
O dia ainda frio, apesar de ser primavera, não corresponde ao que deveria ser o que lhe vai ao peito. Mesmo assim, trôpego, conduz os passos em ritmo cadenciado para que a dor nas costas seja suportável.
Sabe que carrega o destino na ponta dos dedos ao escrever palavras que, muitos lhe perguntarão, o que ele quis dizer.
Não se importa com perguntas, o que importa é escrever, talvez, incidentalmente o que lhe vêem a mente como se estivesse dialogando com o leitor e este estivesse lhe respondendo.
Assim, escreve o seu dia a dia infernal.



pastorelli


foto: Bosch

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